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CotidianoColunistasCompra de vacinas para a Covid-19 por Associação é erro

Compra de vacinas para a Covid-19 por Associação é erro

A anunciada compra de vacinas por Associação de clínicas privadas não contribui para a saúde pública

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No site da Agencia Brasil há a seguinte publicação: “A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) negocia com a farmacêutica Bharat Biotech a compra de 5 milhões de doses de uma vacina contra covid-19. Produzida na Índia, a Covaxin poderá ser aplicada em caráter emergencial, conforme autorização concedida pelas autoridades daquele país no sábado.” (1) Está sendo informado (por meio da imprensa e de entrevistas de dirigentes dessa Associação) que a intenção com a compra é humanitária, pois será possível vacinar trabalhadores em indústrias de forma prioritária. Além disso, a ABCVAC alega que “a população não coberta pelo PNI (Plano Nacional de Imunização) terá acesso ao imunizante, o que fará com que o Brasil estenda a vacinação mais rapidamente.” (2) 

A quantidade de doses anunciada para essa compra foi de 5 milhões. Essas serão ministradas em duas vezes. O número de imunizados será, portanto, de 2,5 milhões de pessoas. O Brasil tem população de 209,5 milhões de habitantes. A PEA (População Economicamente Ativa), segundo o IBGE, deve estar próxima dos 96 milhões de habitantes. Dessa PEA 7 milhões trabalham na indústria. É fácil observar que o efeito imunizante pretendido é baixo. Caso o anúncio fosse a compra de algo próximo a 15 milhões de vacinas haveria talvez a pretendida complementaridade com o PNI. 

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Ao observarmos, no entanto, a população mais rica do Brasil, que é de 2,1 milhões de pessoas, o número pretendido de vacinas a ser adquirido na Índia torna-se mais condizente. Como com o que passa na cabeça de pessoas sempre é difícil de se ter certezas (que o digam psicanalistas, psiquiatras e psicólogos), aqui cabem somente conjecturas quanto ao altruísmo dos membros e associados da ABCVAC. 

Elaborar um Plano Nacional de Imunização (PNI) é prática em nosso país há décadas. Caso, além do mais, tenhamos por referencial Oswaldo Cruz, podemos afirmar que imunizações em massa vêm aqui ocorrendo há século. Isso significa que temos saber técnico, pessoal capacitado, infraestrutura e logística condizente para imunizar com efetividade um país continental, desigual e com acentuadas características geográficas. Igual ao SUS o PNI é patrimônio nacional de alto valor econômico e social. 

As baladas, mergulhos no mar para vídeos em redes sociais, paralisia na administração da saúde pública, incapacidade de prover insumos básicos para a imunização e a ausência de sinal claro do que se pretende realmente fazer em um ambiente de severas restrições são, em seu conjunto, manifestação do que observamos no anos de 2019 e 2020 quanto ao governo federal: perigosos reflexos da sua incompetência. O dado de mais de 190 mil brasileiros mortos comprovação inequívoca de que algo está errado , não é responsabilidade exclusiva do nosso povo que se comporta errado quanto ao distanciamento social. É também ausência de comando. 

Essa situação nos faz recordar, quase que nostalgicamente, a antiga frase: “ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. Não seria o caso de substituir o inseto por outro e vir a propiciar maior consciência para empreender a defesa da pátria que nos falta hoje?  

(1) Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-01/clinicas-particulares-brasileiras-negociam-compra-de-vacina-da-india ; acesso em 05/01/2021. 

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(2)  Disponível em: https://abcvac.org.br/2021/01/04/abcvac-negocia-vacina-indiana-ja-para-2021-nota-oficial/ ; acesso em 05/01/2021.

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