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CotidianoDia dos professores: desafios e luta pela educação na pandemia

Dia dos professores: desafios e luta pela educação na pandemia

Professores de Araraquara contam como superaram obstáculos da pandemia e se reinventaram em um ano atípico

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Professor Felipe Dias reflete ” Dizem que os médicos salvam vidas. E os professores, será que não?”(Foto: Arquivo Pessoal)

A educação passou por uma verdadeira reviravolta na pandemia da covid-19. O giz, a lousa, as conversas e o contato diário ficaram suspensos no último ano. 

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Vieram as aulas em plataformas online e muitos desafios, tanto para professores como para alunos.
Desde adaptações com os aparatos tecnológicos e as mídias sociais, não foi um caminho fácil o período de isolamento social e também de luto vivenciado por muitos. 

No Dia do professor, comemorado nesta sexta-feira (15), a reportagem conversou com professores da rede pública de Araraquara para entender os desafios e a luta incansável por uma educação de qualidade. 

A professora Leocárdia Cristina Reginaldo da Cruz, 43 anos, leciona há 23 anos na região de Araraquara. Ela comentou que na pandemia o que não faltou foi aprendizado. 

“Apesar de todo o contexto que estamos vivendo, lecionar e ou estar na coordenação pedagógica em tempo de pandemia nos trouxe muitos desafios e aprendizagens. Nós professoras e professores tivemos diariamente que estudar muito, desenvolver novas habilidades, aprender e aprofundar nossos conhecimentos em relação as mídias sociais e recursos tecnológicos”, apontou.

Já a professora Cláudia Braga, de 49 anos, que atua na Educação de Pessoas com Deficiência, relatou que foi um período de reinvenção na educação. 

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“Viver na pandemia foi abrir as portas da nossa casa, como também entrar na casa do aluno; nos reinventar para levar o ensino até o aluno, sem ao menos poder tocá-los. Apesar de todos os desafios, eu amo o que faço”, comentou. 

PROFESSORES PREOCUPADOS
Aos poucos, o retorno presencial vai acontecendo, após vacinação contra o coronavírus e estratégias sanitárias de combate à doença, como o uso obrigatório de máscaras. E com isso novas adaptações vão surgindo. 

Um dos pontos levantados pela educadora Leocárdia é a preocupação com a saúde mental de todos os alunos no pós-pandemia, entre outros. 

“Agora estamos em um outro momento, ou seja, estamos retornando ao trabalho presencial, infelizmente ainda temos muitos desafios a serem superados em relação a acesso, a permanência, aprendizagem dos alunos pós pandemia, como as questões relacionadas ao acolhimento da comunidade escolar (alunos, alunas e famílias), saúde mental de todas as pessoas das escolas, a vulnerabilidade social, econômica e cultural, violências explicitas ou veladas, o luto, enfim os problemas existentes no espaço escolar que com a pandemia também estiveram presente”, ressaltou. 

O professor Tadeu Marcato, que dá aulas no bairro Cecap de Araraquara, lembrou também o receio com a evasão escolar, devido a dificuldade de acesso a computadores e celular por parte de muitos alunos somado ao acúmulo das tarefas domésticas. 

“Acredito que no próximo ano veremos o tamanho da evasão escolar, principalmente no ensino médio, alunos que tinham uma obrigação em casa como ajudar em casa, trabalhar fora e com esse tempo que ficou dentro de casa acabou absorvido para outras tarefas também”.  

Tadeu Marcato "descansa do caos" em nova obra, livro relata tempos de dependência química (Amanda Rocha/ACidadeON)
Tadeu Marcato tem vários livros de poesia lançados (Amanda Rocha/ACidadeON)
A preocupação dos professores vai além. Cláudia Braga frisou que não houve um dia que não se preocupou com a alimentação dos alunos em casa. 

“Ser professor, é dedicar-se ao ensino, não só de ler e escrever, também de educação, pois muitos veem a escola sem essa bagagem, preocupar-se se o aluno está sendo bem tratado em casa e se tem comida suficiente para matar sua fome é constante. E ainda sim somos desvalorizados”, apontou. 

AMOR E VALOR AO ENSINO
Em um ano em que os professores foram alvos de ofensas e retaliações por setores políticos, além do baixo salário, a luta pela educação e transformação através dos estudos se manteve presente. 

Para Tadeu Marcato, apesar da desconfiança de parte da sociedade sobre a educação, o papel do professor continua sendo o de transformar vidas. 

“O olhar desconfiado da sociedade é instigado por setores políticos reacionários, e sofremos alguns ataques do Estado, onde alguns direitos estão sendo ameaçados. Apesar de tudo isso, o professor é a figura da sociedade que tem a possibilidade de transformação junto as crianças, juventude e infância”, reforçou. 

O professor Felipe Dias, de 33 anos, é da área da educação de pessoas com deficiência e disse que apesar de desafiador exercer a profissão nos tempos atuais no país, não desiste de ensinar e enfoca o respeito as diferenças. 

“Ser professor é desafiador em um país tão desigual socialmente e rico em diversidade. Cabe a nós apresentar essas diversidades e ensinar as pessoas a conviverem com mais respeito as diferenças”, apontou. 

Felipe refletiu sobre a escolha da profissão, que para ele está além do salário. 

“Apesar de o salário do professor do Brasil ser o menor entre 40 países, escolhi ser professor por acreditar que a educação é o que constrói o ser humano e este transforma a sociedade. Assim, ainda sigo acreditando apesar de tudo que fazem para desistimos. Dizem que os médicos salvam vidas. E os professores, será que não?”, refletiu.

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