Circula nas redes sociais uma relação de empresas de Araraquara alvos de um boicote promovido por bolsonaristas que não aceitam a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições do dia 30 de outubro. A lista conta com mais de 20 nomes que teriam apoiado o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na publicação que tem sido encaminhada, principalmente, por aplicativos de mensagem constam farmácia, lojas, bares e restaurantes, supermercados e prestadores de serviços. A determinação é que consumidores deixem de frequentar estes estabelecimentos.
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O proprietário de uma das empresas citadas, que terá sua identidade preservada pela reportagem, disse que não é a primeira vez que listas de boicotes circulam na cidade. Para ele, este movimento é antidemocrático.
“A empresa é um CNPJ e não tem título de eleitor. Nós agimos democraticamente: todos os candidatos visitaram a nossa loja, pessoal de direita e de esquerda; a loja foi aberta para isso, para conscientização dos colaboradores”, disse.
“Se defender a inclusão social é ser comunista, eu, particularmente, me enquadro como isto. Esta é a luta da nossa empresa: a inclusão e a diversidade, e nós não vamos parar nunca. O que CNPJ faz é gerar emprego, recolher imposto, que volte para a cidade na Educação e na Saúde”, completou.
Para o cientista político e professor da Unesp Araraquara, Milton Lahuerta, este tipo de conduta não é espontânea e mostra o baixo nível da cultura política de grupos bolsonaristas.
“No fundo, estão estimulando uma movimentação que não tem fundamento. As pessoas estão morando diante do Tiro de Guerra, acampando diante do Tiro de Guerra, fazendo oração para pneu, se jogando no chão. Isto é fanatismo, não é política. Nós não estamos em uma contraposição entre o bem e o mal”, avaliou.
Segundo Milton Lahuerta, é preciso informação qualificada e diálogo permanente para acabar com este tipo de discurso golpista e autoritário, inclusive, através do aperfeiçoamento das mídias digitas.
“Fakenews é uma forma glamorosa de se referir ao problema. O nome disso é mentira, mentira programada, mentira articulada. A divulgação em série de um conjunto de mensagem que propaga exatamente a mentira para criar este clima de que estamos diante de algo terrível, como comunismo e o fim da família. Enfim, completa paranoia coletiva”, iniciou.
“Nós precisamos combater este tipo de atitude, não se pode naturalizar, é grotesco. Divulgar uma lista tentando boicotar aqueles que, eventualmente, votaram ou apoiaram uma candidatura, inclusive, deve ser objeto de investigação e ser punido porque não tem nenhuma razão para acontecer no mundo atual onde as coisas são muito mais complexas do que esta polarização entre o bem e o mal”, concluiu.
