Truculência da Guarda Civil Municipal dentro de um abrigo para crianças, atraso na entrega da Ponte dos Machados e a demissão de uma servidora municipal que se recusou a se vacinar contra a covid-19. Ao longo de 2022, muitos fatos movimentaram a cidade de Araraquara.
Em junho deste ano, o portal acidade on noticiou com exclusividade a conduta de dois guardas municipais com uma criança de 9 anos dentro de um abrigo. Áudios obtidos pela reportagem revelaram ameaças, choro e gritos.
Vou tirar a cinta e te dar no lombo, aí você vai chorar”, e “eu não tô nem ai para câmera que tá aqui em cima, e não to nem aí para [inaudível]. Eu vou fazer com você que nem você fez com os vidros” [sic] são alguns dos trechos.
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Diante dos fatos, a promotoria de justiça da Infância e Juventude abriu um procedimento administrativo para apurar a denúncia e a secretaria municipal de Segurança Pública instaurou Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra os servidores, que continuaram exercendo a função.
Em abril, um idoso, de 85 anos, morreu após ser atropelado por um carro desgovernado, no Jardim Brasil. Ele morava sozinho e havia perdido a esposa há dois meses.
O carro pertencia a uma mulher, 30, que teria esquecido de puxar o freio de mão. Desgovernado, o veículo desceu pela via, subiu a calçada e atingiu o idoso.
Vizinhos relataram que Sebastião Celli planejava se mudar de Araraquara para morar com o irmão, em Catanduva.
“Ele era uma pessoa muita tranquila, um vizinho excelente. Desde criança que eu moro neste bairro, eu o via como um avô”, lembrou a professora Luciana Scarmin, 46, vizinha da vítima.
Em dezembro, a prefeitura de Araraquara demitiu por justa causa uma servidora, de 60 anos, que não se vacinou contra a covid-19. A funcionária alegou enfrentar problemas de saúde que, segundo ela, poderiam ser agravados pela vacina.
Ao acidade on, a servidora disse que seguiu recomendação médica por receio de efeitos colaterais. Ela sofre de arritmia cardíaca, bronquite e Mal de Hashimoto – doença autoimune que ataca as células da tireoide.
“Isto é abuso de autoridade, discriminação. Estão me privando de trabalhar, de ganhar meu dinheiro honestamente mesmo porque há muitos casos de pessoas que se vacinaram e tiveram diversos problemas e eu não quero passar por isso, eu tenho meu direito”, desabafou a servidora.
Em nota, a administração municipal afirmou que “os problemas de saúde apontados pela servidora não se enquadram dentre as hipóteses de contraindicação da vacina” e que a recusa de se vacinar, sem justa causa médica, caracteriza falta disciplinar do funcionário público, passível das sanções previstas em legislação vigente.
Com obra da Ponte dos Machados atrasada, pedestres e motociclistas começaram a se arriscar atravessando o Córrego do Ouro em uma ponte improvisada.
Segundo o produtor rural, Paulo César Ferreira Luís, 44, a passagem foi a única alternativa diante dos custos elevados com o desvio por estrada de terra.
O desvio está em condições precárias, destruindo carros, por isso estamos evitando ir de carro. Estou indo a pé pela passarela que nós mesmos arrumamos”, disse o produtor.
A ponte deveria ter sido entregue em julho, mas a data tem sido constantemente postergada.
Na ocasião, a secretaria de Obras e Serviços Públicos negou qualquer paralisação na obra e informou que a nova ponte seria entregue em novembro. Mas, até o momento, não houve avanços.
Com problemas no telhado, seis tendas foram instaladas temporariamente sobre um dos blocos do CER Caic Rubens Cruz II, no bairro Selmi Dei.
A estrutura foi montada após reunião com país de alunos para evitar que voltasse a chover dentro das salas de aula.
Quando chovia, tinha que voltar embora porque não tinha aonde colocar as crianças porque a creche é pequena. Antes, molhava muito e elas [educadoras] ligavam para buscar os filhos. Eu acho que não tem segurança, mas melhorou um pouco”, disse a dona de casa, Sandra Regina Santos Silva, de 57 anos, que é avó de duas meninas, 3 e 4.
A prefeitura não comentou o assunto.
Neste ano, também foi notícia a fila de 450 crianças, de 0 a 3 anos, aguardando por vaga em Centros de Educação e Recreação (CER) de Araraquara.
Era o caso da mãe da Rieni, de 6 meses. “Praticamente trabalha para pagar alguém para olhar a menina”, disse a madrinha da criança, Dulce Helena Ferreira, de 25 anos.
A secretaria municipal de Educação esclareceu que a etapa, de 0 a 3 anos, não é obrigatória e que apenas 60% das crianças nesta faixa etária são atendidas.
Entretanto, o município já bateu a meta nacional estabelecida pelo Plano Nacional da Educação que propõe ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até 2024”, afirmou.
Uma decisão da Justiça do Trabalho resultou em toneladas de lixo se acumulando pelas ruas de Araraquara. Em fevereiro, uma mudança no modelo de trabalho dos coletores fez com que o trabalho se tornasse ineficaz.
Eles tinham uma rotina de descer, correr, descansar. Ficando diferente disto, sai da rotina, fica cansativo. A gente está tentando atender a mudança e fazer pelo menos o mínimo, dando o nosso melhor”, explicou Deijane da Conceição, representante da Urban Serviços e Transportes.
Atendendo a decisão da Justiça, que apontou riscos de acidentes, o Departamento Autônomo de Água e Esgotos (DAAE) adotou o modelo em que os coletores de lixo não eram transportados em estribos, na parte traseira dos caminhões. Em um único dia, mais de 190 toneladas de lixo se acumularam por diversos bairros da cidade.
Porém, a medida foi revista dias depois e o modelo tradicional voltou a ser realizado, após acordo com o Ministério Público do Trabalho em que a autarquia se comprometeu a implantar alternativas que mantenham o serviço, sem colocar em risco a segurança dos coletores.
Em 2022, a Defensoria Pública do Estado pediu explicações ao Consórcio Araraquara de Transportes (CAT), após a suspensão do serviço porta-a-porta que era oferecido a cadeirantes que se locomovem sem acompanhantes.
As empresas que administram o transporte coletivo passaram a oferecer o serviço apenas para deficientes físicos que precisam de acompanhamento e determinaram que os demais utilizassem as linhas tradicionais de ônibus.
Para o presidente da União dos Deficientes Físicos de Araraquara (Udefa), César Augusto Ferreira, a obrigatoriedade de acompanhantes prejudica os deficientes que tem autonomia, mas que dependem do transporte.
Por meio de nota, o Consórcio Araraquara de Transporte afirmou que, de acordo com a ordem de serviço do transporte social, de 11 de abril de 2016, “este serviço é ofertado apenas para pessoas deficientes, que necessitem de acompanhante e não tenham independência de locomoção, não podendo ser transportada sem o seu acompanhante”.
