Vereadores de Araraquara aprovaram, na última quinta-feira (1º), o tombamento provisório do patrimônio ambiental Floresta Paludosa, localizada no Jardim Ipanema e Vila dos Ibirás, no extremo Norte da cidade. A iniciativa é de Fabi Virgílio (PT) e Marcos Garrido (Patriota).
Ao acidade on, a vereadora Fabi Virgílio disse que a proposta surgiu a partir de fiscalização dos termos de compromisso da fiscalização ambiental, aplicados pela Cetesb e que exigem uma parcela de recuperação de áreas verdes para empreendimentos novos.
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Segundo a parlamentar, a floresta paludosa está localizada em uma área de grande expansão da cidade e de adensamento populacional. Com isso, o tombamento é uma das formas encontradas por Virgílio para preservar o local e “ampliar seu leque de proteção”.
“Ao contrário das apps, com um curso de rio característico, essa área inteira é úmida, que brota água do chão em toda a sua extensão. Então é um solo diferenciado até na sua cor e de grande afloramento de água”, introduziu a parlamentar.
“Quando nos deparamos com essa importância e pensando no futuro das cidades, em que temos uma projeção de crises climáticas sendo estabelecida, de crise da água no futuro, pensei que fosse minha responsabilidade discutir um instrumento normativo”, completou.
Fabi Virgílio explicou que o tombamento provisório é emergencial, enquanto não existe outra regulamentação para preservação da área. Além disso, o tombamento permanente pode ser proposto apenas pelo Executivo Municipal e não pelo Legislativo.
“Criamos a lei tombando provisoriamente para depois ir discutir com o Executivo para que se torne esse tombamento permanente, mas no curto prazo fizemos algo para protege-la, para que essa área de expansão não aconteça de maneira desenfreada, sem proteger essa floresta que está ali gloriosa e brotando água do chão”, defendeu Virgílio.
A parlamentar petista defendeu ainda que, além do compromisso de criar bairros e equipamentos públicos para dar conta do desenvolvimento urbano de Araraquara, é preciso pensar na preservação de áreas que são consideradas fundamentais para o equilíbrio do meio ambiente.
“Acredito que para o desenvolvimento da cidade, precisamos garantir um meio ambiente equilibrado e saudável para as futuras gerações e para a nossa geração. Pois, se percebermos, esse fragmento é tão maravilhoso que dentro dele tem plantas que foram identificadas com mais de 150 anos, então é um bioma que corre risco se a gente não antecipar um movimento e protegê-lo”, pontuou Fabi Virgílio.
“Se a gente adensa os seus espaços laterais, temos sérios riscos de estrangular e ela gradualmente ir morrendo. Temos que criar formas de proteger todos os nossos cursos d’água, o meio ambiente, para que a gente tenha a garantia de um futuro”, concluiu.
Com a aprovação pelos vereadores, a medida segue para sanção do prefeito Edinho Silva (PT) e outras medidas de preservação do espaço devem ser debatidas entre Prefeitura, Câmara Municipal e especialistas em proteção ambiental da Morada do Sol.
ESPECIALISTA DEFENDE PROTEÇÃO
Durante a sessão da Casa de Leis, a bióloga Vanessa de Souza Moreno, doutora em Conservação de Ecossistemas Florestais, defendeu a iniciativa e explicou aos vereadores características da floresta paludosa.
“É um tipo de floresta que cresce sobre o afloramento de água, ou perto de rios, ela está sempre com forte influência de água. Toda mata ciliar não tem água? Tem, pois tem o rio. Mas, a floresta paludosa está sob o rio, ou sob o afloramento de água”, explicou.
“Ela presta importantes serviços para nossa sobrevivência. Controle climático, do clico hidrológico, alimento, casa para animais, protege o rio, impede que ele seja assoreado e, principalmente, do aquecimento global”, acrescentou.
Outro ponto citado pela especialista é a ausência de regulamentação para preservação de florestas paludosas, bem como a falta de mapeamento dela no estado de São Paulo. “Ela é pouco conhecida e mapeada, então não conhecemos muitas florestas paludosas por não foi feito esse mapeamento em campo vendo que ela é encharcada de água”, concluiu.