RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Sem redes de saúde de alta complexidade ou com dificuldades para oferecer leitos para seus pacientes, ao menos sete cidades no entorno de Araraquara decretaram mais medidas restritivas para combater a pandemia de covid-19.
Os municípios resolveram endurecer as regras em conjunto com o objetivo de ampliar o alcance do lockdown em vigor desde domingo (20), pois o avanço do coronavírus já faz com que a ocupação de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) fique perto do limite na cidade que elas têm como referência para internações de seus pacientes.
Motuca, Boa Esperança do Sul, Gavião Peixoto, Santa Lúcia, Nova Europa, Rincão e Américo Brasiliense fecharam seus comércios e tomaram medidas como a implantação de barreiras sanitárias.
“Igualamos Araraquara, com restrições até domingo, podendo prorrogar por mais oito dias. Vai depender de como estiver a situação. Hoje está muito difícil”, disse o secretário da Saúde de Motuca, Marcio Contarim.
Com 365 casos de Covid-19 e 9 óbitos, a cidade de 4.795 habitantes tem um paciente internado em UTI de Araraquara nesta segunda-feira (21). Do total de mortes, 3 foram em 2020 e 6, neste ano.
“Agora estamos tendo dificuldade para o encaminhamento de pacientes, esse é o problema. Tudo o que foi possível fechar, fechamos. Temos feito distribuição de álcool, barreiras, orientações e lives”, disse.
A cidade fechou todas as entradas e deixou apenas uma liberada, onde funciona uma barreira sanitária.
Há 199 pacientes internados em Araraquara, que tem nesta segunda ocupação de 64% em leitos de enfermaria e 85% em UTIs (considerando-se as redes pública e privada). Do total, 108 são moradores de Araraquara e 91 são oriundos de outros 32 municípios.
Em Nova Europa, o final de semana foi marcado pela confirmação de dez novos casos de Covid-19, o que elevou o total a 1.256, com 32 óbitos. A cidade decretou quarentena até 0h de segunda-feira (28).
Já Gavião Peixoto, em lockdown desde domingo, está com supermercados fechados até esta terça-feira (22). Só farmácias e postos de combustíveis podem abrir na cidade, que registrou 15 mortes e 1.405 casos até o final de semana.
No final de semana, 24 pacientes no Departamento Regional de Saúde de Araraquara aguardavam transferência para leitos de UTI. Um paciente de Boa Esperança do Sul morreu à espera de vaga. Em maio, foram 88 mortes de pessoas aguardando leitos de UTI.
A adesão das cidades vizinhas ao lockdown é vista como fundamental para o combate à pandemia, segundo a secretária da Saúde de Araraquara, Eliana Honain.
“Muito importante para que a gente dê conta de conter a pandemia. Como Araraquara é referência para região como um todo, o número de leitos é muito disputado e elas entenderam a necessidade de agirmos em conjunto”, disse.
Esta segunda-feira, primeiro dia útil do segundo lockdown em Araraquara, foi marcada por ruas praticamente vazias e pela baixa circulação de pessoas. O primeiro foi em fevereiro, que reduziu casos, internações e mortes por covid nos meses seguintes, até o novo avanço registrado nas últimas semanas.
Com supermercados atendendo apenas via delivery, comércio fechado e transporte coletivo suspenso, a prefeitura implantou blitze para fiscalizar a movimentação de pessoas e veículos. Quem não comprovar o motivo para estar na rua poderá ser multado em R$ 115,36.
“A cidade está respondendo positivamente. Percebemos uma grande diminuição da circulação de pessoas porque a população realmente tem consciência em relação ao grande número de pessoas que são positivadas diariamente”, afirmou a secretária.
Com 71 leitos, sendo 31 de suporte ventilatório, o Hospital de Campanha criado pela prefeitura está lotado. Seis em cada dez casos de covid-19 registrados na cidade são de pacientes com idades entre 20 e 59 anos.
“É um período muito difícil, mas pretendemos que seja realmente o último, com o avanço da vacinação. Só ela consegue conter os casos mais complicados.”