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SaúdeCoronavírusFechamento de escolas pode deixar 62% das crianças sem compreender textos simples

Fechamento de escolas pode deixar 62% das crianças sem compreender textos simples

O Banco Mundial diz reconhecer os esforços dos países para manter as atividades letivas de forma remota, no entanto, alerta que as limitações do modelo prejudicam especialmente as crianças mais pobres

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Déficit na leitura pode ser causada por causa da falta de escolas durante a pandemia (Foto: Banco de Imagens)

 
O fechamento prolongado das escolas na América Latina e Caribe pode levar a região a ter um salto no número de crianças que terminam os anos iniciais do ensino fundamental sem conseguir ler e compreender um texto simples, aponta relatório do Banco Mundial. 

A região é uma das que mais preocupa a organização, já que pode ter um dos maiores aumentos absolutos de pobreza de aprendizagem do mundo. O indicador é medido pelo número de crianças de 10 anos com dificuldades severas de leitura.  

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Antes da pandemia, estima-se que a situação alcançava 51% dos alunos da região. O relatório, publicado nesta quarta (17), diz que os efeitos da pandemia já podem ter elevado esse número para 62,5%, o equivalente a deixar mais 7,6 milhões de crianças desses países nessa condição.  

O Banco Mundial diz que, sem ações imediatas para mitigar os prejuízos educacionais, as consequências serão graves e duradouras, inclusive para a economia da região.  

As perdas de aprendizagem e produtividade da geração afetada pela suspensão das aulas presenciais podem levar a um declínio no potencial de ganhos agregados de US$ 1,7 trilhão para a região.  

Segundo o relatório, a situação é particularmente preocupante na região porque os países já enfrentavam uma crise de aprendizagem anterior à pandemia e têm a maior desigualdade no acesso à educação de qualidade no mundo.  

O Banco Mundial diz reconhecer os esforços dos países para manter as atividades letivas de forma remota, no entanto, alerta que as limitações do modelo prejudicam especialmente as crianças mais pobres.  

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Por isso, diz que os os governos precisam de maneira urgente se preparar para a reabertura segura e efetiva de suas escolas em nível nacional, com os recursos e ferramentas necessários para assegurar a retomada das atividades presenciais.  

“Apesar de muitos países da região terem iniciado esta etapa de recuperação, a prontidão e a implementação ainda são um problema”, diz o documento. A organização diz que é preciso investimento na estrutura das escolas e valorização dos professores para que a sociedade sinta segurança no retorno.  

“Um dia de escola aberta não compensa um dia de escola fechada. A perda que tivemos com esse período vai ser muito danosa, por isso, é preciso um plano forte de recuperação”, diz Ildo Lautharte, economista do Banco Mundial.  

No Brasil, apesar de esforços locais para a reabertura das escolas, o agravamento crítico da pandemia levou a um novo fechamento das unidades. Estados como São Paulo, Ceará, Pernambuco, Amazonas decidiram por mais uma suspensão de atividades presenciais até que haja redução no número de contaminações.  

A situação brasileira é uma das que mais preocupa a organização, já que é o país da região com o mais grave cenário da pandemia e o que tinha apresentado melhorias educacionais mais consistentes nos últimos anos.  

“Um dos principais temores é que o Brasil perca em um ano o que levou 10 anos para conquistar [de avanços educacionais]”, diz Lautharte.  

Segundo o Banco Mundial, até o fim de 2020 os países da região ficaram, em média, 159 dias sem aulas presenciais.
Monitoramento mundial da Unesco mostra que nesta quarta apenas 29 países do mundo continuam com o fechamento total das escolas – oito deles (Belize, Bolívia, El Salvador, Honduras, México, Panamá, República Dominicana e Venezuela) na América Latina e Caribe.  

Além do aumento de crianças em situação de pobreza de aprendizagem, o relatório do Banco Mundial estimou também as perdas de ensino pelas pontuações do principal exame educacional do mundo, o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, na sigla em inglês), que avalia o conhecimento de estudantes de 15 anos.  

Antes da pandemia, 55% dos estudantes chegavam a essa idade sem alcançar o nível mínimo de proficiência na prova, ou seja, sem ter conhecimentos e habilidades considerados básicos para a faixa etária.  

Com o fechamento das escolas por 10 meses (período equivalente a um ano letivo), a organização calcula que a situação possa alcançar 71% dos estudantes. Se a suspensão se prolongar por 13 meses, o número pode chegar a 77%.  

Sem esse conhecimento mínimo, o jovem tem dificuldade, por exemplo, para seguir instruções de um manual ou identificar a ideia principal em um texto.  

Segundo a organização, as perdas educacionais devem ser mais significativas entre os alunos mais pobres, já que tiveram maior dificuldade para continuar estudando no período. O relatório calcula que a desigualdade de aprendizagem entre os estudantes mais ricos e mais pobres pode alcançar uma diferença de quase 3 anos letivos.

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