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SaúdeCoronavírusIsolamento social em Araraquara deve ser estudado, diz professor da USP

Isolamento social em Araraquara deve ser estudado, diz professor da USP

Como o caso de Araraquara pode ajudar cidades do mesmo porte como a vizinha São Carlos que passa por recorde no número de infectados

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Lockdown total durou 15 dias em Araraquara (Foto: Amanda Rocha)

 
Araraquara conseguiu reduzir o número de casos de covid-19 fazendo um lockdown total durante a última quinzena de fevereiro. A cidade passou de quase 220 confirmações diárias para menos de 100 confirmações.

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Segundo o professor Hamilton Varela, da USP de São Carlos, a avaliação sobre o estágio atual e a previsão do desenvolvimento da pandemia são cruciais para a gestão da crise, planejamento e tomada de decisões de curto e médio prazos. 

“Araraquara chamou recentemente a atenção com o rápido aumento no número de infecções e óbitos associados à variante brasileira P.1., que se tornou predominante na cidade a partir de meados de fevereiro. Notadamente mais transmissível que a cepa original, a P.1. teve um efeito devastador e levou o sistema de saúde no município ao colapso. Como consequência, a prefeitura endureceu as restrições e decretou lockdown entre 21 de fevereiro e 2 de março. O efeito da medida está sendo sentido na diminuição no número de novos casos”, diz ele em um artigo publicado pela USP nesta semana.
 
ARARAQUARA X SÃO CARLOS 
Por isso, o professor Hamilton Varela diz que comparar as implicações do lockdown em Araraquara com uma população similar como a de São Carlos pode ser instrutivo neste momento de crise, onde a cidade vizinha vê o número de confirmações bater recordes. Na última segunda-feira (15), mais de 300 novos casos foram registrados em São Carlos.

“São Carlos e Araraquara estão separadas por menos de 50 km e podem ser consideradas cidades irmãs, dadas as semelhanças em várias métricas. A população das duas cidades é de cerca de 245 mil habitantes e a densidade demográfica em São Carlos é de 223,8 hab./km² e a de Araraquara, 237,5 hab./km². As semelhanças vão além dos aspectos demográficos e geográficos. Fatores como grau de escolaridade, renda per capita e as condições de saúde e dos serviços de saneamento, entre outros, devem ser considerados, principalmente no contexto da pandemia. Esses parâmetros estão embutidos no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). São Carlos e Araraquara têm índices classificados como muito altos e estão entre os 30 municípios brasileiros com maior IDH. Finalmente, as pirâmides etárias das duas cidades são também muito semelhantes”, diz.

O professor diz que os efeitos da pandemia puderam ser comparados entre as duas cidades até o começo deste ano, quando as diferenças começaram com as infecções pelo P.1. em Araraquara. “Em 31 de dezembro de 2020, os óbitos acumulados em São Carlos e Araraquara somavam 75 e 90, respectivamente. Em 13 de março, as mortes causadas pela covid-19 em Araraquara chegaram a 251, e a 146 em São Carlos. Colocadas em perspectiva, as taxas de mortalidade em 13 de março foram de 105 e 57 por 100 mil habitantes em Araraquara e São Carlos, respectivamente. Números menores que a taxa paulista, de 139 por 100 mil (dados consultados em 14 de março de 2021)”, diz. 

Para o professor da USP, a queda no número de novos casos em Araraquara parece resultar diretamente dos dez dias de lockdown, a partir de 21 de fevereiro. “Em 27 de fevereiro, a média móvel de novos casos diários atingiu o máximo de 138, a partir de então essa média vem caindo e chegou a 68 em 13 de março. Em São Carlos, a média móvel era de 86 em 27 de fevereiro e atingiu 112 novos casos em 13 de março, maior valor desde o início da pandemia. O aumento dos casos em São Carlos parece refletir a disseminação da nova variante, como observado semanas antes em Araraquara. Os resultados do lockdown de Araraquara são alvissareiros e trazem um certo alento e esperança sobre os efeitos das restrições que estão sendo adotadas em todo o País”, afirma.

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OUTRAS MEDIDAS 
Boas práticas como utilizar máscaras e álcool em gel, evitar aglomerações, lavar as mãos, segundo Hamilton Varela  vieram para ficar.  

“O compromisso entre saúde e economia é ainda mais crítico em países em desenvolvimento como o Brasil, com poupança limitada e quase inexistência de reservas financeiras. A importância do binômio saúde e economia por aqui é enorme e a resistência à adoção de medidas mais restritivas como o lockdown é compreensível. Agrava a situação a desconfiança da população com relação ao governo. Essa desconfiança não é exclusividade do Brasil, por aqui, no entanto, esse sentimento é potencializado pela falta de lideranças. A única saída é a vacinação em massa. Sem vacinas, o que nos resta para desafogar o sistema de saúde é o isolamento social”, reforça.

“Os efeitos positivos do lockdown em Araraquara, justificadamente analisados em perspectiva com a cidade de São Carlos, parecem robustos. A análise comparativa dos dados dessas duas cidades pode ser reveladora e subsidiar decisões futuras”, finaliza. 

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