Como já era esperado de outros carnavais, a Ferroviária confirmou Pintado como seu novo treinador para a disputa do Campeonato Paulista desse ano.
Ex-jogador, Pintado foi bicampeão da Libertadores com o São Paulo, em 1992 e 93, e começou sua carreira como treinador em 2004. Em seus últimos trabalhos, o novo treinador da Ferroviária foi auxiliar técnico do tricolor paulista entre 2016 e 17, viveu dois rebaixamentos consecutivos para a Série A2 do Paulistão, com o São Caetano, em 2019, e com o Água Santa, em 2020, e também em 2019, liderou o Figueirense na reação que livrou a equipe do descenso para a Série C do Brasileirão, em um momento que o clube catarinense passava por diversos problemas de gestão. Nessa temporada, Pintado estava comandando o Juventude na Série B, onde conquistou o acesso para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro de 2021. O seu melhor trabalho como treinador em 15 anos de carreira.
Desse modo, trata-se de um profissional que já colecionou sucessos e insucessos como técnico. Contudo, o fundamental é compreender quais são suas ideias de futebol, que apareceram tanto nas derrotas, como também nas vitórias.
No ataque, os times de Pintado costumam se posicionar no 4-2-3-1, com um volante tendo a função de se aproximar da linha de defesa para iniciar a construção ofensiva, com outros dois meio-campistas em via de regra, outro volante e um meia-atacante com liberdade de movimentação e que se aproximam do setor em que está a bola. Já os atacantes de lado de campo podem flutuar por dentro, assim como os laterais, criando um sistema de compensação — enquanto um jogador se desloca por dentro, o outro se mantém na amplitude. Portanto, a movimentação dos jogadores acontece em função da bola.
Em relação ao modelo de jogo, Pintado joga com ataque direto, em que as inversões de jogo, buscando um atleta livre na amplitude, ou as bolas longas, tentando encontrar as infiltrações dos extremos ou o pivô do centroavante, são jogadas estruturantes da fase ofensiva de suas equipes.
Na defesa, seus times se posicionam em bloco médio, pressionando a equipe adversária quando a bola chega nas laterais do campo. Além disso, os jogadores de meio-campo marcam individualmente os rivais posicionados no setor, o que, em regra, dificulta a transição ofensiva do adversário.
Contudo, as equipes comandadas por Pintado tendem a apresentar dificuldade em executar os movimentos de pós-perda, no momento em que o time adversário retoma a posse de bola. No mais, em alguns momentos, há uma descompactação entre os setores quando o time ensaia subir suas linhas de marcação. Desse modo, a equipe se torna vulnerável no contra-ataque, pela falta de agressividade para recuperar a bola e por permitir que os espaços não estejam vigiados pela distância entre os jogadores. A bola parada defensiva também costuma ser um problema.
Por fim, em relação à variação de sistema de jogo, Pintado opta, por vezes, em organizar o seu time no 4-1-4-1, principalmente, na fase defensiva.
Como no futebol não há fórmula para a vitória, só o tempo dirá se a parceria entre Ferroviária e Pintado trará bons frutos.
Para isso, seja quem for o treinador, é preciso que o trabalho tenha continuidade, diferentemente do que aconteceu em 2020.