Com informações de Paulo Gonçalves/EPTV Campinas/Fantástico
A Polícia Civil suspeita que as três pessoas presas após o furto de remédios da farmácia de alto custo do DRS (Departamento Regional de Saúde) VII, em Campinas, atuavam no esquema há um ano. Os crimes vieram à tona após o furto de 79 caixas do medicamento Keytruda (Pembrolizumabe) 25 mg/ml, avaliadas em R$ 1,3 milhão. Um dos investigados segue foragido (leia abaixo).
De acordo com a investigação, todos os envolvidos são parentes e o elo principal das irregularidades é o servidor do SUS (Sistema Único de Saúde), José Carlos dos Santos, que tinha acesso aos estoques do departamento e desviava os remédios para que eles fossem revendidos. Além dele, outros três familiares participavam do esquema: a esposa, a enteada e o genro. Confira os nomes:
José Carlos dos Santos, servidor público da farmácia judicial
Maria do Socorro, esposa de José Carlos
Gabriella Carvalho, enteada de José Carlos
Michael Carvalho, marido de Gabriela e genro de José Carlos
As ações criminosas foram detalhadas pelo Fantástico da Rede Globo. Diante da repercussão, a pasta de Saúde do Estado de São Paulo disse que suspendeu o pagamento do José Carlos. Além disso, alegou que o Departamento Regional de Saúde mudou os protocolos de segurança e acesso e afirmou ainda que abriu um processo licitatório para repor o estoque dos medicamentos que foram furtados.
Como eram os furtos?
Após o furto que levou a polícia a investigar o esquema, os policiais foram até o local e descobriram que os furtos cometidos por José Carlos não eram flagrados pelas câmeras do DRS porque um dos equipamentos estava inoperante e o outro ficava atrás de uma pilha de remédios. Em uma das visitas dos investigadores, inclusive, o homem saiu pela porta da frente com uma sacola de remédios.
A audácia foi confirmada pelo delegado da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Campinas, Elton Costa, que afirma que os itens foram enviados normalmente aos receptadores. Costa também afirma que o articulador de todas as ações é Michael Carvalho, que atua como pastor. “O Michael acreditamos que seja o cabeça. Ele convenceu a família”, aponta ele.
E as remessas e as compras?
Ainda conforme a apuração, Michael e Gabriella eram responsáveis por guardar, vender e despachar os remédios. Para isso, se dirigiam até empresas de logística aérea no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. A atuação ficou comprovada durante uma ação de busca e apreensão na casa onde moravam.
“Fomos na casa e encontramos diversos objetos que mostram que os remédios estiveram lá. E encontramos alguns remédios guardados na geladeira e alguns guardados pela casa. Tornou-se inequívoca a participação”, diz o delegado, que identificou que os compradores dos remédios eram um casal do Espírito Santo.
Os receptadores foram identificados como Gleidson Lopes Soares e Juliana Ritter, responsáveis por uma ONG de apoio a pessoas com dificuldade de locomoção. Conforme a apuração, Ritter é assessora parlamentar e dona da empresa de produtos hospitalares Saúde e Vida Comércio e Representações.
A ligação entre o casal e a família foi comprovada através de transferências bancárias entre as contas de Juliana e da empresa dela e Maria do Socorro. Além disso, o carro de luxo de Michael e Gabriella também estava no nome de Ritter, o que indica que os remédios serviam como pagamento do veículo.
O que dizem as defesas?
Representante de José, Maria e Gabriella, a advogada Giovana Casemiro Garcia negou que os familiares tenham furtado a carga de R$ 1,1 milhão em medicamentos contra o câncer. A defensora, porém, admitiu que o servidor desviou outros remédios. “A confissão deles vem para colaborar com a nossa tese de que eles devem ser responsabilizados, mas na medida das culpas”, diz.
Já a defesa de Gleidson Lopes e Juliana Ritter afirma que a mulher não tinha participação na compra dos remédios, não sabia que os medicamentos eram furtados e confiava suas contas bancárias ao marido. Sobre o automóvel de luxo, o advogado disse que Michael estava ajudando a proprietária a vendê-lo. A defesa do homem foragido, inclusive, não foi localizada pelo Fantástico.
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