- Publicidade -
CotidianoSem levar passageiros há 20 anos, vagão voltará a operar em julho em Campinas

Sem levar passageiros há 20 anos, vagão voltará a operar em julho em Campinas

Carro de passageiro foi resgatado e restaurado pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, na Estação Carlos Gomes

- Publicidade -

Vagão em oficina. (Foto: Vanderlei Antônio Zago/ABPF)


Após mais de 20 anos parado e sem levar passageiro, o mais recente vagão restaurado pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) estará de volta aos trilhos, dessa vez em Campinas, na primeira quinzena de julho.

Com a estrutura reformada, mobiliário trocado e com a pintura tão brilhante como quando saiu de fábrica, o carro de passageiro irá percorrer o trajeto da Maria Fumaça, no tradicional passeio de trem que passa pelos trilhos de Campinas à Jaguariúna.

“A gente fez a restauração nas características originais, e a pintura é a mesma de quando saiu de fábrica”, disse Hélio Gazetta Filho, diretor administrativo da ABPF.

- Publicidade -

Os reparos levaram um ano meio para serem concluídos, e foram feitos na oficina da associação, na Estação Carlos Gomes, em Campinas. 

Vagão em oficina. (Foto: Vanderlei Antônio Zago/ABPF)

DE SUCATA AOS TRILHOS

Era 1965 quando ele saiu de fábrica e começou a rodar junto ao trem “Rio Doce” na Estrada de Ferro Vitória-Belo Horizonte. O vagão já tinha rodado um tanto e carregado milhares de passageiros quando sua estrutura de aço carbono começou a apresentar as primeiras falhas. As cores grená e branco foram, aos poucos, perdendo espaço para a ferrugem, até que ele precisou ser desativado.

A recuperação de um carro de passageiro – outro nome dado ao veículo – custa em média R$ 400 mil reais. Na época, era mais fácil substitui-lo e, como ele não poderia mais andar naquelas condições, foi colocado de lado. E permaneceu desativado até o ano de 2009, quando Hélio o avistou, prestes a virar sucata.

“Coincidentemente, em 2009 eu fui fazer uma viagem de trem nas oficinas das estradas de Vitória, quando eu vi esse vagão na sucata. Eu conversei com os engenheiros e eles me perguntaram se a associação tinha interesse. Eu disse que sim, pois não tínhamos nenhum exemplar dele”. 

- Publicidade -

Vagão em oficina. (Foto: Vanderlei Antônio Zago/ABPF)

Diante da resposta positiva dos engenheiros e encantado com a relíquia, Hélio deu andamento nas papeladas necessárias para que o vagão pudesse viajar para o território campineiro, onde, mais tarde, sua estrutura original seria restaurada.

“A gente conseguiu que eles levassem o vagão rebocado por via trilho de Vitória para BH, e a FCA (Ferrovia Centro Atlântica), que era a concessionária de Minas de Gerais que fazia trajeto até São Paulo, trouxe o vagão de BH até Paulínia. Já de Paulínia até a Estação Inhumas, na Maria Fumaça, ele veio de carreta”.

A recuperação começou em 2010, mas, por ter ficado décadas paralisado, sua estrutura estava bem danificada. “Nós trabalhamos quase um ano nele quando a gente viu que estava muito ruim e que precisava trocar muitas coisas. Tivemos que parar a recuperação para atender a frota que estava em uso, e acabamos deixando-o guardado”.

Quase dez anos depois, em janeiro de 2020, a associação retomou a reforma. No entanto, mais uma vez o vagão precisaria esperar pela conclusão da restauração. Isso porque, a pandemia do coronavírus chegou e apertou os cofres da ABPF.

“Ele estava parado há seis meses quando eu consegui um contato com a Vale, que deu uma ajuda financeira para poder retomar a reforma”. E, após tantos ajustes, o vagão se prepara para finalmente voltar aos trilhos.

Com percurso total de 24 km, o passeio da Maria Fumaça, do qual o vagão fará parte, recupera a história da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e do ciclo cafeeiro de Campinas e região.

A ABPF

A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária foi fundada em 1977 pelo francês Patrick Henri Ferdinand Dollinger, e reúne interessados na preservação, resgate, restauro e divulgação da história da ferrovia brasileira.

Atualmente ela é reconhecida como uma OSCIP (Organização Social de Interesse Público), com aproximadamente 4000 sócios, com regionais e núcleos espalhados por todo país, restaurando e operando trens turísticos em vários estados. (Com informações da Folhapress)

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
Notícias Relacionadas
- Publicidade -