Uma servidora da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp) foi demitida depois que a universidade identificou possíveis desvios de verbas da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para 28 pesquisadores do IB (Instituto de Biologia). Os representantes da instituição de ensino devem reunir os documentos para registrar o caso na Polícia Civil.
O valor que teria sido desviado não foi revelado e a funcionária que deve ser investigada foi desligada das funções por justa casa em 18 de janeiro deste ano, depois que a diretoria do Instituto de Biologia da Unicamp detectou inconsistências no serviço feito por ela. A situação foi comunicada aos demais empregados da área. A universidade e a fundação se manifestaram através de notas (leia abaixo).
Como a servidora atuava?
Os recursos da Fapesp eram destinados aos pesquisadores do IB para a realização de estudos. Como os acadêmicos deveriam prestar contas e para demonstrar a aplicação do dinheiro recebido, a funcionária prestava auxílio aos selecionados e se aproveitava disso para cometer as possíveis irregularidades.
Como ela praticava os supostos desvios de verbas?
A funcionária é dona de uma empresa de prestação de serviços desde 2018 e incluía notas fiscais próprias e de outras duas entidades na prestação de contas. Além disso, ela fazia transferências para a própria conta e forjava recibos.
O que dizem a polícia, a Unicamp e a Fapesp?
Os indícios do crime devem ser apresentados à polícia nos próximos dias e o caso deve ser registrado no 7º DP (Distrito Policial). Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) afirmou que foram solicitadas mais informações para “viabilizar o registro” e “dar direcionamento às investigações”.
Já a Unicamp alega que o caso está em apuração por parte do IB. Leia a íntegra:
“O Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas informa que está apurando o possível desvio de recursos financeiros originários da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Tendo em vista que a apuração dos fatos está em curso, qualquer informação ou divulgação de detalhes à imprensa poderá ser prejudicial às investigações”.
Confira o comunicado enviado pela Fapesp sobre o caso a ser investigado:
“1) No ano passado, a auditoria da FAPESP detectou possíveis irregularidades num processo de prestação de contas de um pesquisador e, ao fazer pedidos de esclarecimentos, chamou atenção deste e dos outros pesquisadores para o que, posteriormente, foi identificado como um problema pela direção do IB-Unicamp. A FAPESP segue analisando as prestações de contas já realizadas por parte dos pesquisadores em questão.
2) As providências que incumbem à FAPESP consistem em apontar aos pesquisadores possíveis irregularidades nas prestações de contas. Caso eventuais irregularidades se comprovem e não sejam sanadas, a FAPESP cobrará dos pesquisadores a devolução dos recursos. Ao mesmo tempo, a FAPESP vai acompanhar as providências legais que os pesquisadores e a instituição de pesquisa à qual estão vinculados estão tomando, enquanto vítimas do apontado crime.
3) Todos os pesquisadores que recebem recursos da FAPESP devem prestar contas, segundo regras estritas constantes das normas da FAPESP. Cabe aos pesquisadores fazer a gestão financeira dos recursos que recebem e prestar contas à FAPESP sobre o uso dos recursos e sobre os resultados das pesquisas. Os pesquisadores, para executar os projetos de pesquisa, podem contar com apoio administrativo das instituições de pesquisa à qual estão vinculados, inclusive, como no caso, fundação de apoio da instituição de pesquisa. Se a instituição de pesquisa, ou sua fundação de apoio, por meio de seus servidores ou empregados, descumprem seus compromissos em relação ao combinado com os pesquisadores, naturalmente surge uma relação de responsabilidade dessas instituições para com o pesquisador.”
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