As mortes de dois dos três bebês na UTI Neonatal da Maternidade de Campinas podem ter sido causadas por uma bactéria de origem domiciliar, segundo o presidente do hospital, Marcos Miele. Já, o óbito do terceiro recém-nascido, não teve nenhuma relação com a gastroenterite e sim com a “prematuridade extrema” da criança. Miele também explicou a morte de uma jovem no local – veja abaixo.
Em entrevista à rádio CBN Campinas, o responsável pela gestão da Maternidade lembrou que não tem ainda uma conclusão definitiva sobre os dois primeiros casos de morte na primeira quinzena de fevereiro, mas cita que a doença é registrada em toda a cidade e que já foi controlada na unidade. Sobre o último óbito, confirmado no dia 24, no entanto, voltou a argumentar que a morte não teve relação com o surto registrado no setor.
“Está ocorrendo o surto em toda a comunidade pela cidade e infelizmente afetou aqui a Maternidade. O laudo preliminar que nós temos, e que não dá pra fechar o diagnóstico da situação, mostra que o surto é proveniente de uma bactéria de origem provavelmente domiciliar. No terceiro óbito, foi equívoco da Vigilância associar ao surto. Foi devido à prematuridade extrema da criança”, argumenta.
Questionado sobre o número de mortes no hospital em Campinas, o gestor justifica que o total entre janeiro e fevereiro deste ano é o menor desde 2021, no auge da pandemia. Segundo Marcos Miele, o local tem uma mortalidade considerada baixa para os padrões das unidades de saúde especializadas e sempre foi considerado um lugar de referência para Campinas e a região.
“A Maternidade possui um dos menores índices de mortalidade neonatal. Entre janeiro e fevereiro de 2023, foram 10 óbitos nas nossas UTI. Em 2022, foram 12 óbitos no mesmo período. Em 2021, no auge da pandemia, foram 14 óbitos. Então, existem infelizmente os óbitos, mas esse ano está abaixo”, alegou.
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MORTE DE JOVEM
Sobre o caso da Emily Gabriela Bueno, de 23 anos, no último dia 17, Miele afirma que os laudos estão sendo aguardados e relembrou que, quando há um procedimento cirúrgico, há necessidade de jejum. A jovem morreu após passar por uma curetagem, operação realizada após um aborto, mas a família dela realizou um protesto no domingo (26) acusando a Maternidade de negligência.
A possibilidade foi rechaçada pela unidade em nota oficial (leia abaixo), mas o presidente do hospital cita que a família autorizou a investigação sobre o caso e que o resultado deve ainda demorar a sair para apontar qual foi a causa exata do óbito. A paciente teve queda na pressão e sofreu parada cardiorrespiratória depois de chegar à unidade pela manhã e passar pela curetagem durante a noite.
“Todo procedimento cirúrgico necessita de um período de jejum. Isso é padrão. A pressão dela sempre esteve controlada e o procedimento foi realizado sem qualquer intercorrência. A parada cardiorrespiratória aconteceu no pós-operatório. O procedimento em si não teve relação com o óbito. Isso a gente pode adiantar para a família, mas a gente aguarda o exame”, defende Miele.
Em nota, o local alegou que “por força de lei, o Hospital Maternidade é impedido de fornecer qualquer informação sobre pacientes”. “Este evento já está sendo avaliado pelos comitês responsáveis, sendo que, até o momento, não há indícios de negligência, considerando que houve suporte durante todo o procedimento. Tão logo o laudo seja concluído, a família será comunicada”, diz.
INTERDIÇÃO NA UTI
Em 16 de fevereiro, o Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) interditou a UTI Neonatal da Maternidade devido ao número insuficiente de profissionais para atendimento dos bebês. A unidade está autorizada a funcionar com 20 leitos, mas 32 pacientes estavam internados até a última quinta-feira (23).
“Várias medidas estão sendo adotadas pelas autoridades sanitárias e um Plano de Contingência para enfrentamento e contenção do surto foi exigido pelo departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) e implantado pelo hospital”, acrescentou a Administração.
Além disso, a secretaria de Saúde afirmou que está transferindo para o Caism e para a PUC as gestantes com risco de parto prematuro para que, ao nascerem, os bebês sejam internados nas UTIs destes hospitais.
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