O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou nesta segunda-feira (11) que a gestão municipal decidiu implementar a tarifa zero aos domingos na capital paulista. A medida começa a valer já neste mês, a partir do próximo dia 17, com 1.175 linhas contempladas. O acesso deverá continuar ocorrendo pela porta da frente dos veículos, com liberação das catracas à medida que os passageiros entrarem.
A gratuidade será estendida para Natal, Ano Novo e aniversário de São Paulo. A ideia é usar esse modelo como teste para entender os efeitos da gratuidade da passagem na cidade. Na última semana, uma subcomissão da Câmara Municipal dedicada ao tema deu aval para a medida em relatório final, sugerindo algumas opções para a adoção gradual da tarifa zero na cidade.
O Legislativo também aprovou, em 1ª votação, um montante de R$ 500 milhões para a adoção no ano que vem da medida, que ganhou o nome de Domingão Tarifa Zero.
“Isso (a tarifa zero) vai dar uma condição de bem-estar muito importante e a geração de atividade econômica forte aos domingos”, afirmou o prefeito nesta segunda. A gratuidade será de 0h às 23h59.
Hoje, 2,2 milhões de passageiros usam os sistema aos domingos, segundo a Prefeitura. Com a tarifa zero, mesmo se dobrar essa quantidade de passageiros (para 4,4 milhões), os ônibus dariam conta, diz o Município, porque fizeram um estudo de ociosidade da frota.
Nunes, que pretende se candidatar à reeleição no ano que vem, tem tratado a proposta como uma de suas bandeiras. Enquanto isso, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse recentemente ser “absolutamente contra” o modelo – uma eventual adesão por parte do Estado estenderia o benefício, por exemplo, para as linhas de Metrô e CPTM.
Para o prefeito, a negativa de adesão por parte do Estado não é problema. “Serão só os ônibus, já que eles atendem 100% o nosso objetivo, sem necessidade de Metrô e CPTM”, disse Nunes, que se reuniu com Tarcísio para discutir o tema nesta segunda. Como o Estadão mostrou, o tema da tarifa zero opõe o prefeito e o governador.
Ao todo, 4.830 ônibus circulam na cidade aos domingos. Segundo o prefeito, mesmo se dobrar a quantidade de passageiros, esse número daria conta da demanda. De toda forma, a iniciativa ainda está aberta a mudanças. “Nós vamos estar monitorando e vamos adequando.”
A Prefeitura estuda a adoção da tarifa zero há mais de um ano. O prefeito já havia indicado preferir adotar a medida aos domingos, por ser um dia de menor demanda do transporte e, ao mesmo tempo, para estimular a população a frequentar comércios e serviços quando costuma haver menor movimentação.
A adoção da tarifa zero ganhou força em um contexto de queda de passageiros no transporte público municipal. Em 2019, eram cerca nove milhões de passageiros por dia, ante sete milhões neste ano, segundo dados da Prefeitura. Hoje, o valor da tarifa de ônibus está fixado em R$ 4,40 na capital.
No mês passado, o município de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, instituiu a gratuidade nas linhas de ônibus municipais. A isenção da tarifa é válida para as oito linhas geridas pela Viação Padre Eustáquio (Vipe), concessionária de transportes do município. Foi a terceira cidade da Grande São Paulo a instituir a tarifa zero nos ônibus municipais. A primeira foi Vargem Grande Paulista, em 2019. Um ano depois, foi a vez de Pirapora do Bom Jesus.
Subsídio recorde
Até novembro, foram pagos R$ 5,3 bilhões em subsídios às empresas de ônibus em São Paulo, o recorde da série histórica, segundo a SPTrans. No último ano, o aporte já havia atingido seu maior patamar: R$ 5,1 bilhões. Para se ter um parâmetro, o número representa mais do que o dobro do que foi pago em 2016, quando o subsídio foi de R$ 2,5 bilhões.
Segundo a Prefeitura de São Paulo, a compensação tarifária “permite que o sistema seja inclusivo com tarifa acessível, integração gratuita entre ônibus, desconto na integração com o sistema sobre trilhos e gratuidade a idosos, estudantes e pessoas com deficiência“.
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