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cotidianoAliado na produção rural, controle biológico tem potencial para crescer no Brasil

Aliado na produção rural, controle biológico tem potencial para crescer no Brasil

Apesar de acessível, o uso do controle biológico ainda corresponde a cerca de 2% do mercado nacional de defensivos agrícolas

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Com a valorização do dólar, o aumento do preço dos insumos agrícolas e a possível falta de herbicidas no mercado, os produtores agrícolas precisam repensar suas estratégias a fim de conter custos. Uma alternativa mais acessível é a utilização do controle biológico na defesa contra pragas. Entretanto, apesar de democrática, a solução ainda tem potencial para se desenvolver entre os produtores rurais do país. 

A técnica de controle biológico de pragas utiliza um inimigo natural de uma determinada praga para combatê-la, de modo a manter suas populações abaixo do nível de prejuízo. Os produtos biológicos para agricultura, chamados de biodefensivos, são insumos agrícolas desenvolvidos a partir de um ingrediente ativo que seja natural, sendo ainda, em sua grande maioria, de baixa toxicidade. Eles agem com o objetivo de eliminar uma praga alvo. 

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Controle biológico: alternativa sustentável na produção de cana-de-açúcar
Controle biológico: alternativa sustentável na produção de cana-de-açúcar

De acordo com o engenheiro agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Cerrados (Embrapa), Dr. Roberto Teixeira Alves, o Brasil gasta cerca de 9 bilhões de dólares por ano com defensivos agrícolas em diferentes culturas, incluindo inseticidas químicos e biológicos, fungicidas químicos e herbicidas químicos. “Desse total, somente 2% representa o mercado de produtos biológicos por ano. O controle biológico é democrático e serve para todos os tipos de produtores”, conta. 

Segundo o Dr. Roberto, o uso adequado dos biodefensivos evita a contaminação por resíduos químicos de alimentos e de recursos naturais e a intoxicação dos produtores rurais, contribuindo para uma agricultura sustentável.  

O controle biológico é democrático e serve para todos os tipos de produtores, aponta Dr Roberto Teixeira Alves, pesquisador da Embrapa Cerrados

Cana-de-açúcar

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O pesquisador ressalta que as pragas podem ocasionar perdas no canavial. Pragas como a cigarrinha-da-raiz da cana, por exemplo, podem causar perdas de até 80% das toneladas de cana por hectare por safra. As pragas mais comuns, segundo o Dr. Roberto, são a broca-da-cana (Diatraea saccharalis), a cigarrinha-da-raiz da cana (Mahanarva fimbriolata, Mahanarva spectabilis e Mahanarva liturata), o bicudo-da-cana (Sphenophorus levis), cupins, formigas, a broca-gigante e o besouro Migdolus. “Além de diminuírem o número de toneladas de cana por hectare, também diminuem a qualidade do produto utilizado para a produção de açúcar e etanol”. 

Para o supervisor comercial de cana-de-açúcar da Koppert no Brasil, Fábio Canini, o controle biológico alivia o bolso e ele ressalta que a técnica é pouco utilizada no país, pois falta confiança por parte do trabalhador nesse processo. “Na cultura da cana-de-açúcar, porém, o uso do controle biológico foi pioneiro e já está bastante difundido no setor. O controle biológico reduz custos e proporciona um melhor equilíbrio do sistema agrícola que vai demandar menos defensivos ao longo do tempo”, explica. 

O assessor de diretoria da usina de cana-de-açúcar do Grupo Moreno, de Luiz Antônio (SP), Murilo Moreno, relata casos de infestação de broca-da-cana e de cigarrinha-da-raiz. “As pragas podem prejudicar o canavial de uma forma tão severa, que, em alguns casos, há quedas na produtividade da cana-de-açúcar ou até mesmo perdas totais do canavial”, conta.  

Além de diminuir a produtividade, a ocorrência de pragas também afeta a qualidade da cana utilizada na indústria sucroenergética e aumenta o custo de produção do etanol e do açúcar. Murilo Moreno diz que a usina faz uso do controle biológico há 15 anos. “O método traz sustentabilidade para o sistema de produção, preservando inimigos naturais e controlando insetos resistentes às moléculas químicas. Com a variação de preços dos insumos químicos e fertilizantes, os biológicos vêm crescendo mais de 20% ao ano”.

Outra empresa que enxerga vantagem nos biodefensivos é a Usina Denusa, de Jandaia (GO). Antônio Carlos de Oliveira Júnior é gestor agrícola da empresa, que utiliza o controle biológico há 8 anos para combater a broca-da-cana e a cigarrinha-da-raiz. Para ele, a estratégia é uma boa opção. “É possível reduzir o custo de produção devido ao aumento da produtividade que o manejo proporciona”, explica ele.  

Antônio Carlos, gestor agrícola da Usina Denusa: usina adota controle biológico para combater a broca-da-cana e a cigarrinha-da-raiz

Frutas cítricas 

Os biodefensivos também têm se mostrado importantes no combate às pragas que atacam a citricultura. Um levantamento realizado em 2021 pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), aponta que 22,37% das laranjeiras do cinturão citrícola do Brasil contemplam o Greening, uma doença sem cura, causada por uma bactéria hospedada no psilídeo (Diaphorina citri). O inseto é uma das principais pragas que afetam os cítricos e reduz gradativamente a produtividade do laranjal. 

De acordo com o professor Santin Gravena, consultor na área de citros, a adoção do controle biológico no setor apresenta muitas vantagens. A principal praga da citricultura é o psilídeo vetor da bactéria que causa o Greening. A doença, incurável, reduz gradativamente a produtividade dos pés. Gravena explica que o inseto pode ser controlado com a aplicação do fungo Isaria fumosorosea. “Em ensaios feitos para o lançamento do produto, após o décimo dia de aplicação de biodefensivo, nas condições ideais de umidade e temperatura, tivemos uma média de 80% de controle nos campos instalados”. 

Mercado em expansão 

Apesar de o controle biológico de pragas ainda não ser comum no Brasil, seu mercado tem se desenvolvido cada vez mais. Fábio Canini lembra que, na safra de 2020/2021, a comercialização de biodefensivos movimentou cerca de R$ 1,7 bilhão no país, um aumento de 37% se comparado ao ciclo anterior, segundo dados da Spark Inteligência Estratégica. 

Para o mercado de bioinsumos continuar expandindo, o pesquisador da Embrapa Cerrados, Dr. Roberto, destaca alguns pontos importantes a serem levados em conta. “É preciso sempre desenvolver tecnologias de fácil adoção pelo produtor rural, educar e orientar os produtores da melhor forma possível e treinar pessoas para realizar assistência técnica. Geralmente, os produtos biológicos são mais baratos que os produtos químicos, principalmente mais baratos que os últimos lançamentos de produtos químicos”, explica. 

O pequeno produtor pode fazer o controle de pragas de sua produção, adquirindo produtos biológicos eficientes e fáceis de se utilizar. O produtor pode instalar um aplicativo gratuito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Embrapa, em seus celulares ou computadores, chamado Aplicativo Bioinsumos, e se informar mais sobre o tema.

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