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cotidianoSetor sucroalcooleiro inicia recuperação em 2022

Setor sucroalcooleiro inicia recuperação em 2022

Especialista prevê cenário positivo e comenta os impactos dos principais eventos internos e externos no setor

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Devido à geada e ao longo período de seca, 2021 foi um ano difícil para a produção de cana-de-açúcar. A situação levou a uma queda na produtividade da cana em relação ao ano passado e, segundo a União Nacional de Bioenergia (UDOP), mais de cem usinas do centro-sul precisaram encerrar as produções até outubro, ao menos um mês antes do fim da safra. Entretanto, a expectativa é de crescimento do setor sucroalcooleiro para as próximas safras, iniciando a recuperação da produtividade da cana-de-açúcar a partir de 2022 e aumentando a visibilidade do modelo brasileiro de etanol no mundo. 

Para alcançar bons resultados na safra 2022/2023, o produtor rural da região centro-sul, deve, portanto, atentar-se ao controle financeiro e à gestão da lavoura por metro quadrado. É recomendada atenção ao custo de produção e a reservas de caixa para compra futura de insumos. Isso é necessário porque, apesar do cenário positivo para a recuperação da cana-de-açúcar, eventos internos e externos ainda afetam a produção. 

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Marcos Fava Neves, professor da USP e da FGV na área de planejamento estratégico aplicado ao agronegócio, comenta a relação entre a produção de cana-de-açúcar e os grandes eventos de 2021 e dos próximos anos.  

Marcos Fava Neves, professor da USP e da FGV na área de planejamento estratégico aplicado ao agronegócio
Marcos Fava Neves, professor da USP e da FGV na área de planejamento estratégico aplicado ao agronegócio

1 – O Conselho Nacional de Política Energética aprovou recentemente as novas metas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, do RenovaBio, para a comercialização de combustíveis referente ao período de 2022 a 2031. Com o alto preço do etanol e seu menor rendimento em relação à gasolina, o programa é uma forma de incentivar os motoristas a optarem pelo biocombustível? 

O RenovaBio é um dos programas mais modernos de descarbonização do planeta. Ele tem tido sucesso em trazer mais renda para quem produz combustível renovável. As metas favorecem o etanol em relação à gasolina, pois dão um prêmio adicional para a produção do combustível renovável. Sem dúvida nenhuma, o RenovaBio deve ser estimulado e fortalecido porque as suas metas colaboram com os compromissos do Brasil de uso maior de combustíveis renováveis, de redução de emissões, o que é extremamente importante. 

2- Para os produtores de cana, quais as vantagens e as desvantagens da “venda direta” de etanol hidratado? Você pode explicar como fica, na prática, o novo decreto que libera a venda diretamente entre produtores e postos de combustíveis? 

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A venda direta significa que uma usina poderá vender seu etanol diretamente para os postos de combustíveis, sem precisar passar por uma distribuidora. Isso altera muito pouco o mercado, principalmente porque as distribuidoras são muito eficientes no trabalho que elas fazem. A questão da venda direta autorizada passa a ser uma alternativa de canal para aquela usina que está ao lado de uma cidade mais longe da base, o que traz um benefício nesse sentido. Mas eu não acho que vá passar de 10% a 15% do mercado. Isso traz uma maior competição e estimula soluções criativas. Temos que observar a arrecadação, se há perda devido à fraude ou outros problemas. Mas, no geral, ela apresenta mais vantagens do que desvantagens econômicas. 

3 – Como as eleições presidenciais de 2022 podem impactar o segmento de agronegócio e o mercado sucroalcooleiro? 

As eleições presidenciais podem impactar o agronegócio se houver um desequilíbrio em relação ao que pensam os candidatos, principalmente na questão da economia. Hoje, a eleição está praticamente entre 3 nomes: o ex-presidente Lula, o atual presidente Bolsonaro e um nome representando a terceira via. Mas são posições conhecidas quanto à economia. O Brasil, na minha leitura, não corre o risco de ter uma solução radical que leve a uma desvalorização muito grande da nossa moeda. No ano que vem, pode ser que o real se valorize e o Brasil consiga caminhar melhor. Então, eu acho que isso não deve bagunçar a economia, pois as posições já são bem conhecidas. 

4 – A Índia pretende misturar 20% do etanol na gasolina em 2023 para reduzir sua dependência na importação do petróleo. Como essa decisão afeta nosso mercado interno? 

A mistura de 20% do etanol na gasolina da Índia, em 2023, é uma das melhores notícias para o setor de cana. Isso vai representar algo entre 60 a 80 milhões de toneladas de cana que os indianos terão que tirar do mercado de açúcar para fabricar etanol, abrindo espaço no mercado mundial de açúcar, no qual a Índia sempre causa tumulto com produtos subsidiados. Essa atitude destrói os preços no mercado mundial e traz um grande prejuízo para o Brasil, que é o principal importador mundial. O Brasil está com uma mistura de 27%, então a Índia chegar a 20% pode estimular a chegada do carro flex no país. A Índia tem caminhado fortemente para repetir o modelo de sucesso do mercado brasileiro. Se isso acontecer, abrirá mais espaço para o Brasil crescer na exportação de açúcar. 

5 – Qual a sua opinião sobre a participação do Brasil na COP-26? 

Achei a participação do Brasil muito boa. Eu gosto muito de acordos entre empresas que vão melhorar o padrão de sustentabilidade, financiar ou trocar carbono. Muitos empresários estavam presentes e realizaram muitos acordos entre organizações do setor privado dos países. Então, eu achei que foi muito boa a participação do Brasil ativamente nesse debate. 

Podcast – Agro Futuro 

O especialista Marcos Fava Neves participou do primeiro episódio do EP Rural, o canal de podcast do Grupo EP. No episódio, ele abordou os desafios e as oportunidades do mercado de cana-de-açúcar em 2022. Confira na íntegra.
 

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