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EconomiaAceleração do juro nos EUA deve ser insuficiente para fuga de capital da B3

Aceleração do juro nos EUA deve ser insuficiente para fuga de capital da B3

Aceleração do juro nos EUA deve ser insuficiente para fuga de capital da B3

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A iminente aceleração no ritmo de alta do juro nos Estados Unidos deve ser insuficiente para provocar uma fuga de capital externo da B3, afirmam especialistas ouvidos pelo Broadcast. Após vários meses de entrada de recursos internacionais, já são sete pregões com saída. Ainda que em milhões de reais, e não bilhões, as retiradas acendem uma luz amarela. Por ora, contudo, os analistas acreditam em redução moderada destes aportes.

“O Fed não deve atrapalhar o capital externo. Não deve ser um grande problema, só se a economia americana entrar em colapso, o que não está no cenário curto prazo, pelo menos. O Ibovespa pode ir a 130 mil pontos, dependendo do fluxo e das commodities”, diz Joaquim Sampaio, portfólio manager e sócio da RPS Capital. “Se os preços das commodities caírem e o gringo parar, o fluxo pode morrer”, pondera.

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A expectativa de aceleração do juro americano vem após o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) subir o tom, depois de aumentar os juros em 0,25 ponto porcentual, à faixa entre 0,25% e 0,50%, no dia 16 de março. “Se concluirmos que é apropriado agir de forma mais agressiva, elevando a taxa dos Fed Funds em mais de 25 pontos-base em uma reunião ou reuniões, o faremos”, afirmou o presidente da instituição Jerome Powell, no dia 21 do mesmo mês.

“Desde a comunicação do Fed mais dura, o mercado está num ritmo de realização. A tendência com relação ao câmbio ficou mais leve e o Ibovespa retraiu”, afirma Eduardo Carlier, gestor responsável pela estratégia de renda variável da AZ Quest. “Tende a ter uma pausa ingresso de capital externo. Talvez vejamos um atuação um pouco diferente de um fluxo generalizado para papéis de primeira linha como commodities e bancos, que se viu inicialmente”, emenda.

Com perspectiva de enxugamento do balanço patrimonial pelo Fed, é “natural” que ocorra um enxugamento da liquidez, observa o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria. “Claro que aqui tem uma taxa atrativa, mas o risco vai nessa direção. Um nível de 12,75% expectativa é que Selic suba 1 ponto em maio já é bastante atrativo e o Banco Central terá de olhar o outro lado atividade fraca, e não só inflação elevada”, diz.

Hoje, devido à persistência inflacionária, já há projeções de Selic na casa de 14% no fim do ciclo de aperto monetário. Ainda, sem previsão de um fim da guerra na Ucrânia, a perspectiva é que os preços das commodities ainda sigam em níveis elevados.

Em termos relativos, o Ibovespa aparece como opção de investimento interessante. “E isso foi o que fez com que o estrangeiro viesse para cá. Tem a percepção de Bolsa barata, mas ele também ganha na valorização do real”, diz o gestor da AZ Quest, pontuando que novas altas da Selic podem reforçar o chamado carry trade.

Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, acredita que o ingresso de investimento externo continuará, a despeito do aperto monetário esperado não só nos EUA, mas em outras partes do globo, como Europa. “Pode ter a famosa arbitragem, com investidores se beneficiando de Selic a 13% previsão. Por isso, o dólar tem cedido, em meio à atratividade de operações de carry trade.”

Recentemente, o Bank of America (BofA) elevou sua projeção para o índice Bovespa de 125 mil pontos para 135 mil pontos, tendo como principal argumento otimismo com os preços de commodities como petróleo, minério de ferro e celulose.

Um pouco antes, a Guide já havia aumentado a expectativa de 120 mil pontos para 130 mil pontos no término de 2022. Já o Goldman Sachs não descarta que o principal indicador da B3 atinja 131 mil pontos no final do ano, mas opta por manter o preço-alvo em 118 mil pontos. Apesar da avaliação de que as commodities sustentarão o índice, o banco americano argumenta que o desempenho do Ibovespa parece mais próximo de um “repique tático” em momento de grande volatilidade mundial.

O próprio presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse recentemente que o País está bem posicionado para um possível efeito da política monetária americana no fluxo. “Nosso cenário não é de reversão desse movimento de entrada, mas estamos em um cenário de muita incerteza”, ponderou.

Dados da B3 mostram que a saída dos estrangeiros começou antes da virada do mês. Em 31 de março, os investidores estrangeiros retiraram R$ 7,150 bilhões, após correção na metodologia de publicação de informações do segmento de renda variável. Com isso, o montante registrado em 2022 foi reduzido de R$ 91,1 bilhões para R$ 64,1 bilhões. No dia 13 de abril, o investidor externo retirou R$ 322,166 milhões, elevando para sete o número de pregões de retirada, com o montante deste mês ficando deficitário em R$ 1,754 bilhão. Contudo, em seguida, (dias 14 e 18), houve ingresso. Ainda assim, em abril, deixaram a B3 R$ 101,908 milhões. No acumulado de 2022, porém, o saldo está positivo em R$ 65,226 bilhões.

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