Mais pessoas passaram a ter dificuldades para honrar seus compromissos financeiros em todo o território nacional. Na passagem de março para abril, para se ter ideia, o contingente de inadimplentes cresceu 5%, na base dos dados dessazonalizados compilados pela Boa Vista Serviços, empresa que administra dados que reúnem informações comerciais e cadastrais de mais de 130 milhões de empresas e consumidores com abrangência nacional. E não se trata de um aumento isolado. Segundo mostram os dados da Boa Vista, essa foi a terceira alta seguida no número de inadimplentes na série, sendo que mais uma vez a variação foi significativa, dado que no mês de março o indicador havia registrado alta de 5,1% na mesma base de comparação.
No ano, no acumulado de janeiro a abril, o indicador dos devedores em atraso com suas obrigações soma 12,3% em comparação ao mesmo período de 2021. Já na comparação do trimestre móvel encerrado em abril contra o trimestre findo em janeiro, houve elevação de 7,8%, já descontados os efeitos sazonais.
“No mesmo sentido, o indicador avançou 18,5% na comparação interanual e o resultado acumulado em 12 meses voltou a acelerar, passando de 4,6% para 6,2% entre os meses de março e abril, como já era esperado. O cenário delicado ao consumidor, de inflação, juros, comprometimento da renda e desemprego elevados, só reforça a expectativa de elevação no número de registros e na taxa de inadimplência”, avaliam os técnicos da Boa Vista.
Recuperação de Crédito
Se por um lado o número de devedores com suas obrigações financeiras em atraso cresceram de março para abril, do outro o Indicador de Recuperação de Crédito avançou 1,8% na mesma base de comparação e em 7,5% em relação ao mês de abril do ano passado. No ano, o indicador acumula alta de 12% e o crescimento na curva de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, voltou a acelerar, passando de 4,3% em março para 4,9% na leitura atual.
“Vale ressaltar que, assim como fora observado ao longo do primeiro trimestre, parte dessa recuperação também se deve ao aumento no fluxo de inadimplentes, que tem sido forte. No entanto, livrar-se das restrições de crédito não elimina o risco de crédito, tanto que a projeção aponta para mais aumentos na taxa de inadimplência ao longo deste ano, que já subiu 0,34 ponto porcentual, para 4,71%, entre os meses de dezembro de 2021 e fevereiro de 2022 quando se trata de recursos livres às famílias de acordo com os dados do Banco Central”, informam os técnicos da Boa Vista.