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EconomiaCarteiras digitais tentam provar valor ao cliente além de oferta de descontos

Carteiras digitais tentam provar valor ao cliente além de oferta de descontos

Carteiras digitais tentam provar valor ao cliente além de oferta de descontos

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Em busca de todo tipo de desconto, o comerciante Daniel Cavallini, 37 anos, é um usuário assíduo das carteiras digitais. Sempre usou a sua conta do PicPay para obter cashback (dinheiro de volta) nas lojas de carnes da Swift; a do Mercado Pago para ter benefícios nas suas compras no Mercado Livre; e a do RappiPay para pagar menos no aplicativo de refeições. Antes, ele também usava a Ame, da Americanas, para pagar menos nos postos da rede BR, mas desinstalou o aplicativo após o fim da parceria entre as empresas. “A interface delas não tem tanta diferença entre si. Acho que o que diferencia são as vantagens”, diz o comerciante.

Cavallini é um exemplo dos usuários que as carteiras digitais passaram a disputar nos últimos anos. Se antes elas surgiram para ser uma forma mais rápida para realizar pagamentos, depois do Pix e da digitalização acelerada dos bancos essa qualidade se tornou “commodity”. Afinal, se antes as operações realizadas em TED e DOC podiam demorar 24 horas, o novo serviço do Banco Central (BC) mudou completamente a realidade das transferências digitais, tornando-as quase instantâneas.

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E, aí, a briga migrou para os benefícios, o que, segundo analistas, gerou um problema: as carteiras digitais estão praticamente comprando usuários com “mimos”. Isso pode dar resultado no momento em que o crescimento é o ponto de atenção de todas as companhias. Porém, a necessidade de mostrar resultado vai chegar, como já ocorreu em outros segmentos. “A dúvida que fica é quando as empresas vão conseguir fechar essa conta – e se isso vai acontecer”, afirma Marcelo Nakagawa, professor da escola de negócios Insper.

O próprio Cavallini evidencia essa tendência. Ao mesmo tempo em que utiliza diversos aplicativos, ele nunca aderiu a nenhum serviço pago das carteiras. Essa dificuldade de “conversão” fez com que o mercado encolhesse nos últimos anos. De 2019 para 2020, o setor viu 15 companhias fecharem, o que reduziu o total de concorrentes para 17. Em 2021, houve novamente um crescimento, para 25 empresas, mas isso foi insuficiente para voltar ao antigo patamar.

Disputa

O PicPay, controlado pelo grupo J&F, dono da JBS, é a maior força do setor: são 60 milhões de usuários na plataforma, sendo que 27 milhões fizeram alguma operação nos últimos três meses.

A empresa faz grandes aportes em marketing (é uma das principais patrocinadoras do Big Brother Brasil, da TV Globo, por exemplo) e em benefícios, como rendimentos na conta acima de 100% do CDI e cashback.

Além disso, no ano passado comprou 100% da startup Guiabolso, dona de um software que ajuda as pessoas a organizar suas contas. Tudo para fazer o cliente ficar mais dentro do aplicativo.

Mesmo com tantos investimentos, a empresa só prevê ser rentável daqui a dois anos. Havia planos para uma estreia na Bolsa em 2021, mas o mau momento do mercado afastou essa possibilidade. “A rentabilidade é um tema super presente na empresa e temos esse compromisso. Quanto mais engajamento, maior a chance de ficarmos mais rentáveis”, diz Danilo Caffaro, diretor de serviços financeiros do PicPay.

A 99Pay segue com uma estratégia similar. A empresa surgiu com a promessa de democratizar as contas digitais, especialmente para o público de seu aplicativo de transporte, que ainda paga muitas corridas em dinheiro.

Porém, além do pagamento aos motoristas, a empresa aderiu a novas funcionalidades, como compra e venda de bitcoins, recarga de celulares e pagamento de boletos. Com essas funcionalidades, chegou a 7,9 milhões de usuários ativos por mês.

Mas ainda falta a parte da lucratividade – que, segundo Gabriel Reginato, diretor de operações da 99Pay, não está fora de vista. “Temos um volume robusto de usuários e serviços, o que nos oferece uma grande escala para trabalhar e equilibrar nossas ofertas com benefícios e cashbacks”, diz.

Para Renato Camargo, presidente da RecargaPay, a questão da rentabilidade virou um problema para o setor de fintechs como um todo. Por isso, a empresa não quer “crescer por crescer”: a geração de caixa é importante.

Não à toa, um dos modelos que a companhia adota é o do “freemium”, que consiste na oferta de algumas ferramentas grátis, mas com limite de uso. Se quiser usar mais, o usuário precisará pagar. Esse direcionamento atraiu novos investidores, que fizeram um aporte de US$ 80 milhões no negócio em 2021. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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