Com o câmbio e os preços de referência da gasolina e do óleo diesel no mercado internacional estabilizados em um patamar elevado, as defasagens em relação ao preços praticados no mercado interno pela Petrobras continuam altas, com o diesel registrando uma diferença média de 21% e a gasolina de 17%, informa a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Em alguns portos que balizam os preços da estatal, a defasagem do diesel chegou a 25% (Itaqui, Suape, Santos e Araucária) e da gasolina 19% (Araucária) na quinta-feira.
Já no porto de Aratu, na Bahia, Estado onde está localizada a Refinaria de Mataripe, controlada pela Acelen, braço do fundo de investimento árabe Mubadala, a defasagem do diesel era de 5% e da gasolina de 10%, devido a reajustes semanais.
A Petrobras está há 57 dias sem reajustar os dois combustíveis. De acordo com entrevista exclusiva do presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), no início da semana, “no momento certo” o reajuste será feito.
Segundo a Abicom, para equiparar os preços com o mercado internacional a estatal teria que elevar o preço do litro do diesel em R$ 1,27 e da gasolina em R$ 0,78.
Na quinta-feira, porém, o presidente da República, Jair Bolsonaro, mandou recados explícitos para Coelho, como fazia com seus antecessores dias antes dos aumentos dos combustíveis.
O presidente chegou a antecipar o lucro da Petrobras no primeiro trimestre de 2022, que ainda não havia sido divulgado, e classificou os altos ganhos da empresa como um “estupro”.
Ele chegou a ameaçar o Brasil de quebra, em um eventual aumento por parte da empresa, principalmente do diesel, que afeta os caminhoneiros, apoiadores do presidente nas eleições de 2018.
Minutos depois, a estatal divulgou que lucrou R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre do ano. A alta se deveu principalmente ao preço elevado do petróleo no mercado internacional e ao aumento de margem de lucro no diesel.