Os economistas que mais acertam as projeções no Boletim Focus já preveem que o IPCA, índice oficial de inflação, deve superar a meta pelo segundo ano consecutivo, em 2022, foco da política monetária. Enquanto a mediana geral da pesquisa (4,96%) se aproxima do teto da meta (5,00%) a ser perseguida pelo Banco Central no ano que vem, a previsão dos economistas do Top 5 de médio prazo já é de 5,19%, ante 4,99% há uma semana. No Top 5 de curto prazo, a estimativa é de 5,51%.
Os que mais acertam as projeções também indicam uma expectativa de desancoragem mais ampla. No Top 5 de médio prazo, a mediana para 2023 e 2024 é de 3,50%, contra a meta de 3,25% e 3,00%, respectivamente, com banda de 1,50 ponto porcentual.
No Top 5 de curto prazo, as medianas para 2023 e 2024 estão em 4,10% e 4,00%, nessa ordem. Já na pesquisa geral, as projeções são de 3,42% para 2023 e 3,10% para 2024.
O economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada, avalia que o afastamento da meta na “inflação mais longa” reflete uma percepção de maior dificuldade em cumprir o objetivo, mas não vê ainda perda de credibilidade da política monetária.
“Não creio que possa se falar em perda de credibilidade ainda, mas que o quadro para o cumprimento das metas mais ambiciosas se mostra mais complicado”, diz ele. “A tendência é que a Selic também nesses horizontes mais longos siga em alta, com a perspectiva de elevação da taxa neutra a partir de uma política fiscal potencialmente mais flexível.”
A Tendências espera que a taxa Selic alcance 11,50% até março, mesmo porcentual previsto pela mediana do Boletim Focus para o fim do ciclo. No Top 5 de médio prazo, a mediana é de 11,75%. Para o término de 2023 e 2024, a previsão do Boletim Focus é de 7,75% e 7,00%, nessa ordem.