BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O empresário americano e ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg disse que empresas e governos que fixam metas climáticas para 2050 são uma vergonha e não deveriam escapar impunes. A declaração foi feita em gravação para um painel virtual da Expert XP, divulgado nesta terça-feira (24).
“Quando uma companhia promete fazer algo até 2050, ou o governo promete, é uma vergonha. Não devemos permitir que eles escapem impunes. Isso é ridículo”, afirmou em entrevista a Alberto Bernal, estrategista global da XP.
Segundo o empresário, a situação climática atual está pior do que jamais esteve antes, o que mostra a urgência de antecipar os compromissos ambientais para um prazo possível de ser acompanhado pelas pessoas.
“Não haverá ninguém que esteja na política hoje em 2050. Na verdade, três quartos, talvez até mais que isso, das pessoas de hoje não estarão vivas em 2050”, disse.
Cofundador de um dos maiores grupos de mídia financeira do mundo e prefeito de Nova York por 12 anos, Bloomberg também falou sobre a febre ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) no mundo corporativo, a qual espera não ser apenas uma moda passageira.
“Acho que você não necessariamente precisa de um movimento para fazer a coisa certa. Deveríamos ter feito isso o tempo todo, e temos feito até certo ponto, mas não tanto.”
Durante a entrevista, o empresário lembrou episódios recentes relacionados à crise do clima, como as enchentes na Alemanha e as queimadas florestais na Califórnia, Turquia e Grécia.
Segundo ele, já não restam dúvidas de que todos esses eventos extremos são resultado do aquecimento global ligado à atividade humana. “E se continuarmos a fazer isso, as coisas que lemos nos jornais todos os dias, sobre esses incêndios e tempestades, vão ficar cada vez piores”, acrescentou.
No evento, Michael Bloomberg também falou sobre iniciativas de outros países e aproveitou para criticar as políticas ambientais chinesas.
“Fechamos, nos EUA, 60% das usinas movidas a carvão que tínhamos cinco ou seis anos atrás. Em 2030 devemos ter praticamente todas elas fechadas. Essa é a boa notícia. A má notícia é que na China eles estão construindo mais usinas de energia por ano do que jamais construímos nos EUA”, afirmou.
Crítica semelhante foi feita em relação à Índia. Segundo o empresário, o país tem boas iniciativas para aumentar a circulação de carros elétricos, o problema é que a energia ainda é baseada em fontes muito poluentes.
“Na Índia, estão falando sobre fabricar todos carros elétricos. Isso soa ótimo para a pontuação ESG. Um ‘pequeno problema’ é que lá eles geram toda a eletricidade com carvão. Então se você passou da gasolina, que não é bom, mas não é tão ruim quanto o carvão, você está indo na direção errada.”