Os maiores bancos e investidores do mundo recentemente se comprometeram na COP-26, a conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) realizada na cidade escocesa de Glasgow, a restringir o fluxo de financiamento para os combustíveis fósseis. Mas os estímulos monetários fornecidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) durante a pandemia mantiveram a torneira aberta para investimentos nesses mercados.
As empresas de petróleo e gás arrecadaram montantes recordes de financiamento do setor privado desde que o Fed cortou a taxa básica de juros em 2020 e anunciou programas de compra de títulos corporativos, o que interrompeu anos de declínio de investimentos em combustíveis fósseis. Essas companhias foram beneficiárias desproporcionais dos programas do Fed destinados a impulsionar o setor produtivo dos EUA durante a pandemia.
“O setor de combustíveis fósseis, que sabemos que estava em declínio secular, saiu da pandemia mais forte do que entrou”, diz David Barmes, economista sênior da Positive Money, uma organização sem fins lucrativos de pesquisa e lobby que promove políticas ecologicamente corretas.
As empresas de petróleo e gás emitiram um recorde de US$ 198,8 bilhões em títulos em 2020, US$ 37,2 bilhões a mais do que o recorde anterior estabelecido em 2013 e mais do que o dobro da média de 20 anos para emissão de dívida no setor, de acordo com dados da Dealogic. O aumento continua em 2021, com preços de energia mais altos.
“Eles expandiram a produção, se envolveram em aquisições e podemos dizer com segurança que isso levou a um aumento nas emissões de carbono”, afirma Barmes.
Em 2020, o Fed criou programas de empréstimos com o respaldo do Departamento do Tesouro e de dinheiro dos contribuintes. As operações previam a compra de títulos corporativos e a concessão de empréstimos diretos a pequenas e médias empresas.