O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou para riscos à estabilidade financeira, durante entrevista coletiva de lançamento hoje de um relatório sobre o assunto. Entre as ameaças citadas estava o “risco de reversão nos fluxos de capital para os emergentes”, segundo Tobias Adrian, diretor do Departamento de Mercados de Capital e Monetário do Fundo.
Adrian notou que o endividamento aumentou pelo mundo, com as medidas adotadas para lidar com o choque da pandemia da covid-19. Ele comentou que isso ocorreu tanto no setor corporativo quanto dos governos. “A alta alavancagem é uma vulnerabilidade”, citou. Outro aspecto citado foi o nível das valorizações em alguns ativos, que segundo ele está elevado.
Vice-diretor do mesmo departamento do FMI, Fabio Natalucci comentou o quadro recente com a instabilidade gerada na China pela Evergrande e potenciais problemas do setor imobiliário em geral no país. Segundo ele, as autoridades locais “possuem os instrumentos” para lidar com o caso da empresa, mas “ainda há riscos” nessa frente.
A equipe do FMI também destacou a inflação “elevada” no mundo, no quadro atual. A depender do contexto local, bancos centrais terão de subir juros para conter o quadro, o que já acontece em alguns casos, notou o fundo. Em alguns países, a inflação pode continuar a avançar “por um tempo”, afirmou Adrian. Ele disse que nos países emergentes em geral há expectativas de perda de fôlego na inflação adiante, já incorporando o aperto monetário por parte de bancos centrais.
Criptoativos
Outro ponto comentado na coletiva foi sobre criptoativos. Adrian notou a singularidade deles, demandados “apenas pela promessa de que no futuro eles subirão”, não por exemplo por um dividendo como uma ação ou os cupons dos bônus. Segundo ele, é difícil definir o valor dos fundamentos desses ativos, nesse quadro.
De qualquer modo, Adrian comentou que a correlação entre os criptoativos e o mercado acionário está aumentando, potencialmente pela presença de mais investidores institucionais nesse segmento. A autoridade do FMI também falou sobre a importância de haver regulação nessa área. Para Adrian, adotar o bitcoin como moeda, como fez El Salvador, “é um passo muito distante”, já que a criptomoeda “é altamente volátil” e isso “poderia ter consequências macroeconômicas” e também para a estabilidade financeira.