O governo federal confirmou na noite desta segunda-feira, 4, que o economista Adriano Pires declinou do convite para assumir o comando da Petrobras por “motivos pessoais”.
Como mostrou mais cedo o Broadcast/Estadão, o Palácio do Planalto recebeu informações de que o nome do indicado não passaria no “teste” de governança da estatal por razões de conflitos de interesse. Pires é sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e tem contratos de longo prazo com petroleiras e empresas de gás.
O economista enviou carta ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em que se diz “obrigado a declinar de tão honroso convite”. “Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da Presidência da Petrobras”, afirma o economista na carta. “Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do CBIE, consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo.”
Albuquerque respondeu com outra carta na qual diz compreender as razões que levaram o indicado a declinar do convite. “Certos de podermos continuar contando com as suas oportunas contribuições, desejamos continuado sucesso em sua vida pessoal e profissional”, segue o ministro.
Com a desistência de Pires e de Rodolfo Landim para a presidência do Conselho da Petrobras, o governo deve indicar outros nomes para as funções.
Leia abaixo a íntegra da carta de Pires a Albuquerque
Exmo Sr Bento Albuquerque
Ministro de Estado de Minas e Energia
Foi com muito orgulho, Senhor Ministro, que recebi seu convite para assumir a Presidência da Petrobras. Com mais de 30 anos de vida dedicados ao setor de Óleo e Gás, comecei a trabalhar as condições para cumprir a missão que me foi dada. Vi nessa missão a certeza de poder ajudar a Companhia e o País a enfrentar a atual conjuntura de turbulência e incerteza no cenário mundial.
Senti-me confiante porque constatei o alinhamento de visões em relação ao papel da Companhia neste momento.
Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da Presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo.
É por isso, Senhor Ministro, que sou obrigado a declinar de tão honroso convite. Agradeço imensamente a V.Exa e ao Senhor Presidente, Jair Messias Bolsonaro, pela confiança depositada em mim, para tão importante missão, e pela deferência e respeito com que fui tratado por V.Excias e por esse Governo.
Ao longo de minha carreira, sempre lutei pelo desenvolvimento do mercado brasileiro de Óleo e Gás. Venho defendendo publicamente a importância de regras de mercado e do aumento da competição, em prol do consumidor e da sociedade, do crescimento do País e do incentivo aos investimentos.
Para concluir, reafirmo aqui o compromisso de continuar nessa luta, que é em favor do Brasil e votos de continuado sucesso na gestão do nosso Presidente Bolsonaro em favor do povo brasileiro.
Com elevado apreço,
Adriano Pires
Leia abaixo a íntegra da carta de Albuquerque a Pires
Caro Dr. Adriano Pires,
1. Seu elevado conhecimento do Setor Energético internacional e brasileiro, aliado à sua sólida formação acadêmica e profissional, levaram-nos a convidá-lo a contribuir com a Petrobras e com o País.
2. No entanto, em decorrência de suas considerações consignadas na carta encaminhada a esta Pasta, compreendemos as razões que o motivaram a declinar da indicação à Presidência da Petrobras.
3. Certo de podermos continuar contando com as suas oportunas contribuições, desejamos continuado sucesso em sua vida pessoal e profissional.
Um abraço,
Bento Albuquerque
Ministro de Estado de Minas e Energia