A recuperação da economia brasileira após a pandemia ocorreu entre o segundo semestre de 2020, quando houve um recuo nas infecções por covid-19, e o primeiro trimestre do ano passado, já com a vacinação iniciada. Segundo economistas, a retomada se deu com a normalização gradual das atividades e o abrandamento das restrições de locomoção.
A melhora ocorreu de forma heterogênea. Indústria e agropecuária saíram na frente, mas perderam fôlego depois, enquanto o setor de serviços, o mais afetado pelas restrições ao contato social, demorou mais para reagir. O último trimestre do ano passado terminou com a economia puxada pela alta de 0,5% nos serviços, no lado da oferta, e pelo avanço de 0,7% no consumo das famílias, no lado da demanda.
“No início, houve uma recuperação sem empregos. Depois, o PIB andou de lado, mas com uma composição mais favorável aos empregos, ainda que abrindo vagas informais e que pagam pouco”, afirmou Bráulio Borges, economista sênior da LCA Consultores.
Restrições sanitárias
Agora, esse processo de normalização está praticamente esgotado, faltando apenas alguma reação nos serviços mais afetados pelo isolamento social – como bares, restaurantes, hotéis e atividades de lazer. Tanto que o consumo das famílias ainda ficou 1,3% abaixo do nível do quarto trimestre de 2019, segundo os dados do IBGE.
Conforme a coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis, restrições sanitárias ainda pesam sobre o consumo, embora ele também seja afetado pela inflação elevada e pelo aumento dos juros, diante do aperto da política monetária pelo Banco Central (BC).
Para a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, até mesmo o alívio na taxa de câmbio, com a queda da cotação do dólar desde o início do ano, poderá perder o protagonismo. A queda no dólar ajudaria a aliviar a inflação ao longo deste ano e permitiria ao BC ser mais comedido no aumento dos juros.
Crescimento abaixo da média mundial
O desempenho da economia brasileira em 2021 foi frustrante na comparação ao de outras nações, embora tenha sido suficiente para recuperar as perdas registradas durante a pandemia, avalia Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating.
Com o resultado, o País passou a ocupar a 21.ª posição de um ranking da agência que considera o ritmo de crescimento de 34 países que apresentaram seus resultados. “As expectativas para o PIB do Brasil de 2021 eram bem melhores no início do ano passado. Não é um resultado ruim, já que recupera boa parte do que foi perdido. O problema é que o Brasil, mesmo crescendo 4,6%, permanece longe de seus concorrentes diretos”, diz Agostini.
De acordo com o levantamento, o crescimento médio dos 34 países analisados foi de 5,7% em 2021, acima do desempenho da economia brasileira. A lista do PIB de 2021 foi liderada pelo Peru, com crescimento de 13,3%. Outro sul-americano em destaque foi a Colômbia, com alta de 10,7%.
Também no topo do ranking chama atenção a presença de Índia e China, integrantes ao lado do Brasil do bloco Brics – acrônimo para Brasil, Rússia, China e Índia. O PIB chinês cresceu 8,1% no ano passado, ritmo bastante próximo ao da Índia (+8,2%).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.