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Economia'Não há desde os anos 70 um plano de desenvolvimento', diz presidente da Abdib

‘Não há desde os anos 70 um plano de desenvolvimento’, diz presidente da Abdib

‘Não há desde os anos 70 um plano de desenvolvimento’, diz presidente da Abdib

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Mesmo com todos os problemas enfrentados nos últimos anos, em especial a falta de um plano estratégico para o desenvolvimento econômico e de uma política de reindustrialização do País, o setor de infraestrutura segue atrativo para investidores internos e externos. A iniciativa privada é responsável hoje por 65% do dinheiro destinado à área, que atraiu R$ 148,2 bilhões no ano passado. Mais R$ 160,6 bilhões estão previstos para 2022 a 2026, com base nas licitações programadas para esse período.

Ainda assim, para reduzir os gargalos na infraestrutura, o País precisaria de investimentos anuais de R$ 374,1 bilhões até 2032, diz Venilton Tadini, presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). “O setor precisa de um programa que transcenda a participação da iniciativa privada, com maior presença do poder público.”

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Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

O que é preciso para avançar mais na infraestrutura?

O País não tem um plano estratégico de desenvolvimento no médio e no longo prazos desde a década de 1970. Naquele período, chegamos a investir mais de 5% do PIB em infraestrutura e, hoje, não chega a 2%. É preciso que parte importante do Orçamento fiscal seja orientada a investimentos. O primeiro ponto a ser atacado é rearranjar as contas públicas, porque precisamos de um programa de infraestrutura que transcenda a participação da iniciativa privada. Não existe país no mundo que tenha só a iniciativa privada tocando projetos em transporte e logística.

De que forma se faz isso?

É preciso, em primeiro lugar, maior conscientização da sociedade, que é quem elege seus representantes. E esses representantes não têm demonstrado sensibilidade em relação a esse tema. É só verificar a paralisação que houve neste ano de toda a agenda legislativa para cuidar de questões de curto prazo e de interesses específicos. É necessária uma reforma de Estado para melhorar a qualidade dos gastos públicos, e precisamos avançar nas questões regulatórias para alguns setores. E precisamos definir uma melhor estrutura de funding para financiamento.

Como?

O BNDES tem de ser uma instituição de fomento como já foi no passado para estruturar e liberar financiamentos de médio e longo prazo. Precisamos, por exemplo, de debêntures de infraestrutura para atrair investidores institucionais.

No mundo todo está ocorrendo uma reestruturação das cadeias produtivas. Como o Brasil pode se inserir nessas mudanças?

Um pilar importante é ter um processo de reindustrialização e articular a política de crescimento da infraestrutura com o parque industrial interno. Focar na transição energética seria uma forma de ganhar espaço na cena internacional.

Com as eleições, há chance de o País ter uma política industrial para os próximos anos?

Finalizamos uma agenda de propostas que será entregue a todos os candidatos. Entre os pontos do documento de 100 páginas, estão infraestrutura, política industrial, sustentabilidade, segurança jurídica, questão tributária, inovação e distribuição de renda. Parece que o País adormeceu há um longo tempo, e não se atentou para a importância de um planejamento de médio e longo prazo. Todo mundo fala que é importante, mas ninguém faz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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