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EconomiaServidores acirram movimento por reajuste, mas efeito ainda não chega à população

Servidores acirram movimento por reajuste, mas efeito ainda não chega à população

Servidores acirram movimento por reajuste, mas efeito ainda não chega à população

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O comando econômico e financeiro do País passou por mais uma semana de greves e paralisações lideradas pela elite do funcionalismo público federal. Com os funcionários do Banco Central de braços cruzados e outras oito categorias em operação-padrão, a equipe econômica vive um apagão de dados, análises e entregas, mas os efeitos da insatisfação dos servidores ainda não chegaram aos cidadãos comuns. Mesmo com as pressões, o governo se nega a realizar qualquer negociação.

O maior incômodo até agora é causado pela greve dos funcionários do Banco Central, que deixou o mercado no escuro em relação aos resultados de indicadores e projeções para a economia brasileira.

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Desde a semana passada, todas as divulgações periódicas da autoridade monetária foram suspensas. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no começo de maio, também pode ter sua preparação afetada pelo movimento dos servidores, que pedem um reajuste salarial de 26,6%.

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), analistas já alertam que a ausência de dados pode levar inclusive a uma maior desancoragem das expectativas de inflação, obrigando o BC a ter uma ação ainda mais contundente na política monetária.

Contudo, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) garantiu o funcionamento das atividades que impactam a vida diária da população, como as operações do Pix.

“Os servidores em greve do BC não vão interromper o Pix. A operação do Pix vai continuar e os servidores do BC apoiam tal continuidade, haja vista ser um produto criado pelos servidores do BC em benefício de toda a sociedade brasileira”, reforçou o sindicato nesta sexta-feira.

Após o acirramento da greve, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, receberá representantes dos funcionários do órgão na próxima segunda-feira, 11. Na terça-feira, 12, os servidores farão uma nova assembleia geral para reavaliar o movimento à luz do que “de concreto” Campos Neto trouxer para a mesa de negociação.

Além da greve no BC, oito categorias realizaram paralisações das atividades. Entre eles estão os servidores do Tesouro Nacional, da Receita Federal, da Secretaria do Orçamento Federal, da Controladoria-Geral da União (CGU), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Superintendência de Seguros Privados (Susep), os analistas de comércio exterior e os auditores fiscais agropecuários.

No Tesouro Nacional, a operação-padrão dos servidores no dia 1º de abril adiou até a hora limite o envio de repasses para Estados e municípios e chegou a atrasar o pagamento de salários para algumas categorias do serviço público. No entanto, ao contrário de movimentos anteriores do órgão, o atendimento aos cidadãos ainda não foi prejudicado.

Em agosto de 2016, por exemplo, o órgão foi obrigado inclusive a alterar os horários de funcionamento do Tesouro Direto. Os investimentos em títulos no programa – que iam de 9h às 5h do dia seguinte – ficaram limitados de 18h às 5h durante a greve.

Os servidores do Tesouro têm uma paralisação marcada para a próxima quarta-feira, 13. No mesmo dia, uma assembleia será realizada pelos trabalhadores da Controladoria-Geral União (CGU) para decidirem sobre novas datas de mobilização.

Após causar filas quilométricas de caminhões nas aduanas de fronteiras e portos no fim do ano passado, a operação-padrão dos servidores da Receita Federal continua com menos transtornos aos exportadores. Ainda assim, a publicação do programa gerador da declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) atrasou em uma semana no começo de março.

Nesta semana, o órgão adiou para o fim de maio o prazo final de recebimento das declarações. Com a greve, os contribuintes acabaram ganhando mais tempo para enviarem a documentação e, por enquanto, o cronograma de pagamento das restituições ainda não foi afetado pelo movimento.

Os servidores da carreira de Planejamento, Orçamento e Gestão realizam nesta sexta-feira, 8, uma paralisação das 14 horas às 18 horas e cruzarão os braços novamente na próxima terça-feira.

Segundo a Assecor, que representa a categoria, caso o governo não aceite abrir negociação, o calendário de protestos será ampliado. Como consequência, a execução do Orçamento de 2022 pode ser afetada e atrasar o envio ao Congresso, até 15 de abril, do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2023. Também na próxima terça, os servidores da CVM paralisarão as atividades.

Os fiscais federais agropecuários realizaram uma mobilização entre dezembro e março. Somente deixando de fazer horas extras em frigoríficos, que não são remuneradas, os fiscais causaram diversos transtornos ao setor.

Segundo Antônio Araújo Andrade, diretor do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, a categoria deu um voto de confiança ao governo e suspendeu a mobilização. Entretanto, ele afirmou que, caso o governo não promova a reestruturação da carreira e realize concurso para repor o efeito, uma nova mobilização será convocada.

Após o início da greve dos servidores do BC e das paralisações das demais categorias, a Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia realizou algumas reuniões com representantes dos sindicatos. Entretanto, a equipe econômica não fez qualquer proposta de reajuste ou reestruturação das carreiras.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, é contra a concessão de reajustes para servidores. Entretanto, o movimento das diversas categorias começou após o governo reservar R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022 para conceder aumentos apenas para as carreiras policiais.

Procurados, o Banco Central e o Ministério da Economia não quiseram comentar os movimentos dos servidores.

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