O resultado das vendas de carros em julho, quando houve o primeiro crescimento na comparação com igual período do ano anterior em 12 meses, se deu por um maior direcionamento da produção das montadoras a clientes frotistas. Só para as locadoras, cujas vendas vinham numa média mensal, no primeiro semestre, inferior a 35 mil, a indústria entregou em julho 45,4 mil carros, ou 27% do total.
Acrescentando na conta outros 41 mil carros entregues aos demais clientes atendidos por vendas diretas, como empresas, governos, taxistas, produtores rurais e consumidores com necessidades especiais, essa fatia chega à metade do total de julho (51%).
Os dados foram checados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) com a Anfavea, entidade que representa as montadoras.
O crescimento da produção ao maior nível em 20 meses, combinado a impactos da alta dos preços e das taxas de financiamento nas vendas ao consumidor comum no varejo, faz com que as montadoras tenham maior disponibilidade de carros para as locadoras.
Durante coletiva de imprensa, nesta sexta-feira, na qual defendeu cortes no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para baratear o crédito, Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, disse que, apesar das dificuldades de abastecimento de componentes, a indústria conseguiu ultrapassar no mês passado uma “barreira importante” de produção, porém o aumento dos juros muda o público que pode comprar carros.
Segundo o executivo, o consumidor da classe média está adquirindo menos veículos.
“Se começar a ter queda de juros, e sinalização positiva de acesso ao crédito, você coloca novamente esse consumidor no jogo”, declarou o executivo.