A onda de técnicos portugueses não é exclusividade do futebol brasileiro. Rival do Atlético-MG nesta terça-feira pela Copa Libertadores, o Independiente Del Valle conta com o lusitano Renato Paiva no comando da equipe equatoriana. Inspirado pelos compatriotas que fizeram sucesso no Brasil, ele avalia o trabalho de Abel Ferreira, do Palmeiras, como o de maior impacto no País até o momento, superando até mesmo o realizado por Jorge Jesus no Flamengo.
“Destaco ainda mais o do Abel do que o do Jorge (Jesus). É uma realidade, na teoria e na prática, inferior à do Flamengo. Acreditaria mais em um ‘bi’ do Flamengo do que em um do Palmeiras. O Abel fez algo mais difícil que foi ganhar duas Libertadores, o que não é fácil”, disse o técnico de 52 anos à Conmebol TV.
Abel Ferreira chegou ao Palmeiras em 2020, pouco após o Estadual daquele ano. De lá para cá, conquistou cinco títulos em nove finais disputadas – duas Libertadores, uma Copa do Brasil, uma Recopa e o Paulistão deste ano. Por sua vez, Jorge Jesus foi campeão da Libertadores e do Brasileirão pelo Flamengo em 2019, conquistando também a Supercopa do Brasil, Recopa e o Campeonato Carioca no ano seguinte, antes de se despedir do clube e ir para o Benfica.
Para Renato Paiva, a pressão sofrida pelos treinadores tem contornos particulares no Brasil, intensificada pelos campeonatos estaduais. Segundo o comandante do Del Valle, as pessoas “não tem memória no futebol” e elogia a diretoria palmeirense por acreditar no trabalho de Abel.
“O Palmeiras ganha a Libertadores, não entra bem no Estadual e quando vamos jogar contra eles há uma contestação já grande ao Abel. Acabou de ganhar há pouco tempo, o Palmeiras não ganhava a Libertadores há uma data de tempo. Eu percebo que a exigência no futebol está implícita, não tenho dúvida nenhuma”, disse o técnico. “Imaginemos que o Independiente del Valle ganha 1 a 0 em São Paulo. Despedem o Abel e ele não ganharia uma segunda Libertadores.”
Paiva ainda defendeu Paulo Sousa, técnico do Flamengo, que com menos de cinco meses à frente do time carioca já tem o seu trabalho contestado pelos torcedores – apesar da conquista do título estadual. Segundo ele, é questão de tempo para a equipe rubro-negra “encaixar” e começar a evoluir. “O Paulo ter sido um grande jogador, algo de que eu não me beneficiei e tenho de trabalhar de outra forma, vai ajudar na identificação com os jogadores, como o Zidane.”