MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – Owen Wright pega a prancha, entra na água e rema até uma onda. Ele dropa, pontua e comemora. Mas volta e refaz o movimento. Para um surfista, nada disso soa repetitivo. Para o australiano, é como reconectar pontos do cérebro que um dia foram perdidos no dia em que sofreu uma lesão traumática após ser atingido por uma onda.
Adversário de Italo Ferreira na semifinal do surfe masculino nas Olimpíadas de Tóquio-2020, nesta terça-feira (27), Owen precisou reaprender a andar. Em 2015, enquanto treinava, a lesão o afastou de si mesmo. Sequer conseguia andar direito dentro de casa. Queria surfar a todo custo, mas os amigos tiveram de esconder as pranchas. Não conseguia e não entendia aquela lesão como poderia incapacitá-lo se não tinha marcas, cortes?
Até mesmo voltar a surfar foi uma luta particular. Não conseguia ficar de pé na prancha e a primeira competição só veio 15 meses depois, em 2017. Voltou como campeão, mas nunca na forma física que tinha antes da onda que quebrou em cima dele.
As duas provas que lhe restam nas Olimpíadas de Tóquio podem, enfim, ser mais uma reconexão, esse movimento que se repete toda vez em que pega a prancha, entra na água e rema.