TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – Por alguns momentos, parecia que daria. As tenistas brasileiras Luisa Stefani e Laura Pigossi ficaram próximas de brigar por uma medalha de ouro nos Jogos de Tóquio. Dificultaram a vida das suíças Belinda Bencic e Viktorija Golubic.
Não deu. foram derrotadas por 2 sets a 0, parciais de 7/5 e 6/3, nesta quinta-feira (29).
A classificação de Stefani, 23, e Pigossi, 26, à semifinal iguala a melhor marca do tênis brasileiro em Olimpíadas. Antes delas, somente Fernando Meligeni, na chave de simples, passou das quartas, nos Jogos de Atlanta-1996 acabou perdendo para o espanhol Sergi Bruguera na semi e, na briga pelo bronze, foi superado pelo indiano Leander Paes.
“No momento estamos bem frustradas. É recente, mas vamos conversar com os técnicos para ver onde melhorar para que isso não aconteça de novo. Não dá para reclamar, lamentar, por tudo o que fizemos nesta semana”, disse Stefani. “Ainda temos chances de conquistar uma medalha para o Brasil.”
Na decisão pelo bronze, Stefani e Pigossi vão enfrentar no sábado (31) as russas Veronika Kudermetova e Elena Vesnina, vice-campeãs de Wimbledon. Já Bencic e Golubic decidirão o ouro com as tchecas Barbora Krejcikova e Katerina Siniakova, atuais campeãs de Roland Garros.
O início das brasileiras foi arrasador, com direito a voleio de Pigossi e ace de Stefani. Elas quebraram dois saques e abriram 4 a 0. Bencic e Golubic reagiram e venceram os games seguintes: 4 a 3.
Quando o jogo ficou tenso, as brasileiras deram boa resposta, enfileirando quatro pontos para chegar ao seu quinto game, mas sofreram a virada: 7 a 5.
No segundo set, Bencic foi para o saque e abriu a contagem. As brasileiras desperdiçaram dois breaks points antes das suíças fazerem 2 a 1. No sexto game, Stefani e Pigossi sobreviveram a três breaks points, mas no quarto cometeram dupla falta e tiveram o serviço quebrado. Com 5 a 2 no placar, as suíças encaminharam a vitória.
“Elas neutralizaram minha subida à rede, nós deveríamos ter sido mais agressivas na paralela, abusamos do cruzado… A Golubic se mexeu mais na rede, colocou mais pressão, foram agressivas nas evoluções”, disse Stefani.
A participação da dupla brasileira em Tóquio era improvável há poucas semanas. A chave olímpica reúne 31 duplas definidas de acordo com as primeiras colocações no ranking, além de outra representante do país-sede.
Primeira e segunda melhores brasileiras no ranking das duplas, respectivamente, Stefani e Pigossi nem faziam mais planos para ir ao Japão quando foram avisadas por Eduardo Frick, gerente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), que estavam confirmadas nos Jogos.
Frick foi quem inscreveu as brasileiras. A quase uma semana do início do torneio de duplas, em Tóquio, a Federação Internacional de Tênis (ITF) entrou em contato com o dirigente para avisar que havia sobrado vaga, e o Brasil era o próximo na lista de espera.
Stefani, que mora nos Estados Unidos, e Pigossi, que vive em Barcelona, não atuam juntas no circuito. Amigas desde a infância, demonstraram bom entrosamento ao longo da jornada olímpica e viraram favoritas.
Na estreia, as brasileiras levaram a melhor sobre as canadenses Gabriela Dabrowski e Sharon Fichman, cabeças de chave número 7, e venceram por 2 sets a 0, parciais de 7/6 e 6/4, em 1 hora e 33 minutos de partida.
Depois, as brasileiras venceram, de virada, as tchecas Karolina Pliskova e Marketa Vondrousova por 2 sets a 1, parciais de 2/6, 6/4 e 13/11, e avançaram às quartas de final. Na ocasião, elas salvaram quatro match points. No tie-break, demonstraram frieza para buscar o resultado depois de as rivais abrirem 3 a 6 e também 9 a 7.
Foi o tipo de desempenho que fortalece qualquer atleta. “Estou muito feliz pela maneira como nos mantivemos lutando. As coisas começaram a mudar no final do segundo set. Pegamos mais confiança, crescemos, sentimos que o momento veio mais para o nosso lado”, afirmou Stefani.
Nas quartas de final, as brasileiras entraram para a história e se garantiram na briga por uma medalha, com a vitória de 2 a 1 sobre as norte-americanas Bethanie Mattek-Sands e Jessica Pegula, com parciais de 1/6, 6/3 e, no tie-break, 10/6.
A paulistana Stefani vive boa fase no circuito e há três anos trancou a matrícula do curso de publicidade na Universidade de Pepperdine, na Califórnia, para se dedicar ao esporte profissional.
A atleta começou a treinar aos 10 anos, em uma academia no bairro de Perdizes, em São Paulo, por iniciativa da mãe. Em 2011, os pais decidiram trocar a capital paulista pela Flórida, nos EUA.
Stefani deu sequência ao tênis no ensino médio e, a partir do segundo semestre de 2015, na universidade. Nesse período, atingiu a 10ª posição do ranking juvenil.
Em maio de 2018, ela, que se dividia entre o curso de publicidade e as competições, comunicou aos pais a sua intenção de interromper os estudos e focar somente no circuito profissional. Deles, ouviu: “Já sabíamos”.
No circuito, Luisa Stefani faz dupla com a norte-americana Hayley Carter. Ambas conquistaram o Aberto de Lexington, no Kentucky (EUA), e o WTA de Tashkent (Uzbequistão), em 2019.
Na atual temporada, Laura Pigossi conquistou os dois principais torneios de sua carreira até o momento, o ITF W25 de Pune, na Índia, e o W15 de Villena, na Espanha. Disposta a melhorar seu jogo, ela decidiu se mudar para Barcelona em 2016.