A primeira entrevista coletiva de Rogério Ceni em sua segunda passagem como técnico pelo São Paulo foi muito além do empate por 1 a 1 com o Ceará que manteve o time empacado no Brasileirão. Para além de sua avaliação do desempenho dos jogadores diante dos cearenses, o treinador falou sobre sua idolatria, o fato de a Torcida Independente, principal organizada do clube, não ter cantado seu nome no estádio, elogiou seu antecessor, Hernán Crespo, e já fez projeções pensando na próxima temporada.
Ceni confirmou que não tinha intenção de trabalhar mais neste ano depois de ter sido demitido em julho do Flamengo e que só aceitou o convite porque ele veio do São Paulo, clube do qual é ídolo. Ele disse que não queria “deixar a oportunidade passar” e enalteceu Crespo. Se fosse dirigente, o técnico teria mantido o argentino no comando são-paulino.
“O Crespo é um cara fantástico. Repito: eu ficaria com o Crespo até o final do ano e depois faria uma análise. Um cara de um caráter fora da série, que conquistou um título. Não o conheço pessoalmente, mas pelo que pude ver é uma pessoa ótima. Melhor que eu para estar aqui dando entrevista. Trata a todos com educação”, opinou.
Ceni disse que lamenta, mas respeita a decisão da Independente de evitar gritar o nome do treinador antes do duelo com o Ceará em razão de uma entrevista em que o treinador disse que era “especial e diferente” trabalhar no Flamengo. Ele frisou que se sentiu bem recebido pelos torcedores em seu retorno ao Morumbi.
“A minha relação com o São Paulo é eterna e eu respeito (a posição da torcida). Se eu durante 25 anos deixei minha vida aqui dentro e ainda pode haver pessoas descontentes, eu lamento. Se o torcedor gritar ou não vou estar próximo e sempre respeitando porque foram os torcedores que me sustentaram durante esse tempo todo”, salientou.
“O São Paulo é minha casa. Tenho o carinho pela torcida, Independente, Dragões, todos. Minha relação com o São Paulo é eterna, de alguém que deixou a vida toda aqui, durante 1237 jogos, tantas conquistas. Fui muito bem tratado por todos torcedores que encontrei. Não imagino que fosse diferente”, acrescentou.
Em seus primeiros movimentos, Ceni escalou dois jogadores que vinham sendo preteridos por Crespo: Orejuela e Benítez. O argentino estava descontente e seu empresário chegou a dizer que ele não ficaria no São Paulo caso continuasse a não ser aproveitado. As escolhas, segundo o comandante, foram técnicas. “Eu não escalo o time baseado em notícias, informações e opiniões externas. O Orejuela trabalhou comigo no Cruzeiro e eu conheço ele muito bem. O Benítez é um jogador diferenciado, sofre com a parte física, mas se dedicou muito no jogo de hoje. Meu trabalho é baseado no campo e no que o atleta produz”, explicou.
O São Paulo empacou na tabela de classificação com o sexto empate seguido e permanece no 13º lugar, com 31 pontos. O clássico com o Corinthians, segunda-feira, às 20 horas, no Morumbi, será a próxima oportunidade de dar fim à sequência de tropeços no torneio nacional.