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EsportesEx-invencível, judoca Teddy Riner se humaniza com bronze em Tóquio

Ex-invencível, judoca Teddy Riner se humaniza com bronze em Tóquio

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TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – Enquanto aguarda ser chamado para entrar na área de luta, Teddy Riner balança as pernas, deixa as mãos na cintura e mantém seu corpo (2,04 m, 140 kg) em postura ereta. Depois, de cabeça erguida, anda a passos largos e firmes em direção ao tatame.

Na última década, o ritual de observar atentamente os movimentos do bicampeão olímpico se repetiu por arenas de judô de todo o mundo. A novidade é que agora o francês também perde, inclusive em Olimpíadas.

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Nesta sexta-feira (29), no Nippon Budokan, um wazari do russo Tamerlan Bashaev nas quartas de final provocou a primeira derrota de Riner nos Jogos desde Pequim-2008, quando tinha 19 anos e foi medalhista de bronze. Em Londres-2012 e no Rio-2016, assim como em dez campeonatos mundiais que venceu, não houve quem pudesse pará-lo.

O francês acumulou 154 vitórias consecutivas durante cerca de dez anos. A invencibilidade foi quebrada em fevereiro do ano passado, pelo japonês Kokoro Kageura (ausente nos Jogos, em que o representante japonês foi Hisayoshi Harasawa), no Grand Slam de Paris. Em outubro, ele perdeu para o compatriota Omais Joseph Terhec em um torneio nacional.

“Foi um choque elétrico, que me permitiu regular tudo, o aspecto mental, a dieta, a preparação física e meu judô”, ele disse à agência AFP após a derrota para Kageura.

Em Tóquio, o tom da entrevista foi bem diferente. Depois de se recuperar na repescagem para ficar com o bronze, ele estava visivelmente aliviado. “No meu nível, uma medalha de bronze em uma competição normal, bom… Mas uma medalha de bronze olímpica tem o seu peso”, disse. “Estou muito orgulhoso desta medalha. Vou saborear porque foi difícil. As lesões, os questionamentos, a derrota em Paris, tudo mudou muito. Mas, honestamente, acho que voltei a um ótimo nível.”

O atleta afirmou que só ficaria frustrado se sentisse que não se preparou adequadamente, mas não foi o caso. “Eu fiz o que era preciso para conseguir o ouro. Não estou arrependido. Se eu tivesse a sensação de que não fiz a coisa certa, aí sim, eu teria me comportado de maneira diferente. Mas eu fiz tudo. Treinei à noite, nos finais de semana, o tempo todo.”

Riner chegou às Olimpíadas já sem a fama de imbatível, solto na chave por ser apenas o 16º colocado do ranking mundial (reflexo de não competir com frequência), mas ainda como um adversário temido na busca do tricampeonato olímpico. Esse feito só foi obtido no judô por Tadahiro Nomura, em Atlanta-1996, Sydney-2000 e Atenas-2004, na categoria até 60 kg.

Após a derrota no Grand Slam de Paris em 2020, a única competição internacional de Riner foi o Masters de Doha, em janeiro deste ano. No último Mundial, em junho, ele abdicou de competir. No mesmo período, visitou o torneio de tênis de Roland Garros e o Pré-Olímpico de caratê, ambos realizados na capital francesa na mesma época.

Nas duas primeiras lutas em Tóquio, Riner venceu o austríaco Stephan Hegyi com ippon e o israelense Or Sasson com wazari. Confiante de que não cairia de costas no tatame, ele se expunha às investidas dos rivais para tentar surpreendê-los. E também se colocava em risco na tentativa de derrubá-los. Tudo parecia bem controlado.

Quando fez isso com o russo Tamerlan Bashaev, líder do ranking mundial, no tempo extra do combate de quartas de final, veio o castigo. Apesar da situação de que qualquer pontuação definiria tudo, o francês parecia relaxado. De vez em quando, gesticulava para a arbitragem quando achava que o oponente não estava combatendo. Já havia feito o mesmo na estreia.

Riner não derrubou o russo. Ao contrário, foi derrubado pelo oponente de 1,75 m. Wazari assinalado pela arbitragem e expressões de choque entre os jornalistas e delegações presentes no Budokan.

O francês saiu se queixando, como já tinha feito ao ser batido por Terhec em um torneio bem menos relevante que o olímpico. Na ocasião, acusou a arbitragem francesa de ter preconceito contra ele.

Gesticulou para seu treinador em Tóquio, como a explicar por que não acreditava ter sofrido um golpe válido. Só não trombou com Bashev ao deixar o tatame porque o russo saiu correndo na frente.

O bicampeão olímpico teve que ir para a repescagem buscar a medalha de bronze olímpica pela segunda vez na carreira. E o adversário seguinte seria o brasileiro Rafael Silva, o Baby, contra quem tinha retrospecto de nove vitórias em nove lutas. Agora tem dez. Riner ganhou com facilidade, por ippon, após 43 segundos.

Favorito ao ouro, o francês enfrentou o japonês Hisayoshi Harasawa pelo bronze. Levou a melhor porque o adversário sofreu três punições e acabou desclassificado.

Teddy Riner pouco comemorou. Apenas ao sair do tatame ele esboçou um sorriso com as mãos juntas e espalmadas, em direção a integrantes da delegação do seu país.

Depois, ao dar entrevista para a imprensa francesa, estava descontraído, como se estivesse num número de comédia. Fez piadas, beijou a medalha, arriscou uma dança e atraiu a atenção de muito mais jornalistas do que o novo campeão dos pesados, o tcheco Lukas Krpalek.

“Você também precisa aprender a perder. Hoje eu aprendi. Agora, será o prazer acima de tudo. Acho que fico lindo com esta medalha”, afirmou.

A expectativa de Riner era concluir a carreira com o tetracampeonato nos Jogos de Paris-2024, meta que não será mais possível. Ainda assim, ele deverá estar lá. Antes disso, na madrugada deste sábado (31), se despede de Tóquio na prova por equipes.

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