TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – O último dia de judô nas Olimpíadas de Tóquio teve clima de gincana escolar no emblemático Nippon Budokan, neste sábado (31). A disputa por equipes, grande novidade na atual edição dos Jogos, trouxe a sensação de estar sendo realizada aberta ao público -o que não tem sido possível por conta da pandemia de Covid-19.
Das arquibancadas, membros das delegações incentivavam os atletas e ficavam na bronca com os árbitros, assim como os jornalistas, que não escondiam a torcida na cabine de imprensa. Os voluntários, que passavam pelos corredores com cartazes orientando o uso de máscara, tiveram trabalho redobrado.
Cada equipe tem seis lutadores. São três mulheres e três homens nas categorias leve, médio e pesado. Enquanto somente um sobe ao tatame, os de fora “combatem” aos berros.
Um dos mais agitados era o francês Teddy Riner. Principal estrela da modalidade, ele quebrou protocolos, abraçou seus colegas de equipe na derrota e alternava passos de dança nas vitórias. Algo que ele não faz para comemorar suas próprias vitórias individuais.
Na decisão do ouro, os franceses superaram o Japão, por 4 a 1 -a sexta luta não precisou ser realizada. A equipe de Israel, ao bater o Comitê Olímpico Russo, e a Alemanha, que superou a Holanda, ficaram com o bronze.
Riner passou pela zona mista tagarelando e com uma máscara do Paris Saint-Germain (FRA), clube que defende e torce. Aos jornalistas brasileiros, disse que Neymar era um jogador maravilhoso.
“Espero que ele, nesta temporada, nos traga uma Champions League”, falou Riner.
Para o francês, a decisão por equipes marcou a oportunidade de brigar pela conquista de sua quinta medalha olímpica. Na categoria individual, ele, que foi ouro em Londres-2012 e no Rio-2016, desta vez ficou com o bronze, assim como em Pequim-2008.
“A batalha por equipes é totalmente diferente, são vários atletas, todos estão cansados, mas isso é Olimpíadas, isso é esporte”, afirmou o judoca.
A alegria de Riner contrastava com a tristeza de Mayra Aguiar, que chorou pela eliminação da equipe brasileira na repescagem. No mesmo Nippon Budokab, na última quinta (29), a judoca entrou para a história ao levar o bronze, a terceira medalha de bronze olímpica de sua carreira -conquistada de forma consecutiva (Londres-2012 e Rio-2016).
“Eu ainda estou com gosto de derrota na competição, e por equipe é bem diferente. Todos deixaram o sangue, infelizmente não saímos com a vitória”, disse Mayra. “Eu odeio perder, não assisto competição antes de lutar porque eu sinto muito aquele momento, vivo muito.”
Principal judoca do país, ela teve que arrumar uma briga em casa, literalmente, para defender o Brasil neste sábado.
Com a lesão de Maria Suelen Altheman (mais de 78 quilos), Mayra aceitou substituí-la, o que deixou a sua mãe, Leila, preocupada pelo fato de a filha vir de sete cirurgias no joelho e ter ficado 16 meses sem lutar entre 2020 e 2021.
“Minha mãe ficou doida comigo por lutar contra uma atleta mais pesada. Foi difícil ontem [sexta, 30], minha irmã quase me xingando”, contou a judoca após a disputa por equipes.
Mesmo contra adversárias maiores que ela, Mayra venceu suas duas lutas, e com ippon.
Contra a Holanda, pelas quartas de final, o Brasil escalou Larissa Pimenta, Daniel Cargnin, Maria Portela, Rafael Macedo, Mayra Aguiar e Rafael Silva. Somente Cargnin e Mayra venceram, respectivamente, Tornike Tsjakadoea e Guusje Steenhuis.
Para ao menos ter a chance de disputar o bronze, o time brasileiro precisava derrotar a equipe de Israel. Cargnin, Macedo e Baby foram substituídos por Eduardo Barbosa, Eduardo Yudy e Rafael Buzacarini, respectivamente.
Dessa vez, Mayra e Maria Portella conquistaram as duas vitórias, respectivamente, contra Gili Sharir e Raz Hershko, mas isso não foi suficiente para garantir o time brasileiro na disputa por medalha.