Lendário jogador do Newcastle e maior artilheiro de todos os tempos da Premier League, Alan Shearer aprovou a compra do clube inglês por parte de investidores sauditas, mas criticou os crimes contra os direitos humanos que são cometidos no país do Oriente Médio.
“Agora temos proprietários que irão investir e isso é muito importante para a torcida, mas vai ser preciso paciência. Não podemos esperar que iremos vencer a liga nos próximos anos ou ganhar a Liga dos Campeões”, disse o ex-centroavante à BBC.
“Eu entendo que há perguntas que devem ser feitas sobre direitos humanos. É muito importante que não o escondamos sob o tapete. Temos que refletir sobre isso e destacá-lo, mas é um fundo que já investiu naquele país e em outros esportes. É um problema muito grande, mas não é culpa dos fãs do Newcastle”, disse Shearer.
Os torcedores do Newcastle estão em polvorosa com a possibilidade do clube virar um nome de destaque no cenário europeu. Quatro vezes campeão do Campeonato Inglês e sucesso nos anos 90 com Alan Shearer, o time da cidade homônima atualmente é o 19º colocado, com apenas três pontos. Não é à toa que 93% da torcida se colocou a favor da venda, segundo pesquisa popular.
A venda do Newcastle tem sido criticada pelo fato de Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro do país, ser o presidente do fundo de investimentos Public Investment Fund (PIF, sigla em inglês), que estaria disposto a pagar 305 milhões de libras (cerca de R$ 2,2 bilhões na cotação atual) por 80% do clube.
Mohammed bin Salman, dono de uma fortuna estimada em US$ 1,4 trilhão (R$ 8,1 tri), é um dos nomes ligados à morte do jornalista Jamal Khashoggi, crítico fervoroso do governo saudita e colunista do jornal americano The Washington Post. Ele foi morto e esquartejado no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, em 2018. Após o episódio, Salman negou que tenha ordenado o assassinato, mas afirmou que o caso está na sua esfera de responsabilidade.
A Premier League, que organiza o Campeonato Inglês, garantiu que, se a operação for aprovado é porque há garantias legais de que não há ligação entre o estado saudita e o fundo.