O termo “Metaverso”, apesar de ainda ser desconhecido pelo público em geral, deve ganhar cada vez mais notoriedade nos próximos anos. Uma pesquisa da Bloomberg Intelligence calculou que este mercado poderá atingir US$ 800 bilhões (cerca de R$ 4,1 trilhões) já em 2024. No futebol, essa inteligência artificial chegou para mudar a maneira de assistir às partidas. Na reta final do Campeonato Italiano, o duelo entre Milan e Fiorentina, no dia 1º de maio, foi o primeiro jogo a ser transmitido em um espaço virtual. Os torcedores da África e do Oriente Médio assistiram ao jogo da “sala da Série A no metaverso do Nemesis”.
A iniciativa da transmissão no metaverso foi da Tim, uma das patrocinadoras do Italiano, e ocorreu em parceria com a empresa de tecnologia Blockchain ConsenSys. A plataforma de videogame The Nemesis foi a responsável pela criação do mundo virtual que reuniu os fãs em torno da partida. Numa definição de redes, o metaverso é um conceito de universo online 3D que reúne ambientes virtuais. Trata-se de uma interação da Internet ainda em desenvolvimento. Seus usuários podem realizar várias atividades neste ambiente.
Para Bernardo Pontes, sócio da Alob Sports e especialista em marketing esportivo, o episódio no Campeonato Italiano, onde as pessoas puderam assistir a uma partida via metaverso, é apenas a ponta do iceberg, onde diversos modelos serão testados e implementados nos próximos meses e anos. “Com o avanço da tecnologia, o mercado esportivo vive um momento de transformação, principalmente no pilar de transmissão. Nos próximos tempos, teremos diversas formas e métodos de se conectar com o fã do esporte.”
Essa nova forma de acompanhar os jogos é uma tentativa da liga italiana de se aproximar de um público mais jovem e propenso a diversificar o jeito que consome esporte. Durante a partida, os torcedores interagiram com os recursos da tecnologia e estiveram frente a uma experiência totalmente fora do padrão. “Sem dúvidas esse caminho da ‘gamificação’ dos esportes tradicionais é sem volta. Para conseguirmos cativar o público jovem e envolvê-lo na transmissão, certamente será necessário fazer um formato mais próximo do que eles estão acostumados nos games”, destaca Guilherme Figueiredo, CEO da NSports.
Desde que o Facebook mudou seu nome para Meta, em outubro de 2021, o termo se popularizou e ganhou status de revolução tecnológica. Segundo especialistas, outro fator que impulsionou o desenvolvimento do metaverso foi a pandemia de covid-19, com as pessoas cada vez mais acostumadas a viver no espaço digital. “A pandemia só acelerou esta tendência de inserir os indivíduos no ambiente digital. O metaverso é um assunto muito promissor e deve consolidar esse conceito de fusão dos mundos real e virtual, já presente no ambiente dos games, mas que ganhou uma força ainda maior agora com o contexto do Facebook”, explica Figueiredo.
Bruno Maia, executivo de inovação no esporte e CEO da Feel The Match, empresa que produz conteúdos esportivos para streaming, entende que o Metaverso é uma das muitas experimentações de novas linguagens, cujas empresas especializadas têm tentado desenvolver aplicações e testá-las em diversas áreas da experiência humana. “O futebol é mais uma delas, mas não é um fim em si. Isso quer dizer que devemos ver mais acontecimentos como este da Série A da Itália, porém ainda estamos longe de afirmar que isso seja um formato definido para onde o futebol esteja caminhando”, completa.