O Mundial de Clubes começa nesta quinta-feira em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos, com a presença de Palmeiras, Chelsea e outro cinco times, todos aspirantes ao título inédito. Essa edição do torneio da Fifa deveria ser realizada no fim do ano passado, mas foi empurrada para o início de 2022 por problemas no calendário do futebol mundial provocados pela pandemia de covid-19.
O Mundial de Clubes seria disputado no Japão, mas o país asiático desistiu de ser sede da competição em virtude do temor do agravamento da pandemia de covid-19. Os Emirados Árabes Unidos, junção de sete pequenos emirados situados na península Arábica, no Golfo Pérsico, então, aceitaram receber o torneio pela quinta vez. A nação é próxima ao Catar, sede da Copa do Mundo de 2022.
A competição é disputada no atual formato desde 2000, quando a Fifa organizou a edição no Brasil. Houve uma interrupção entre 2001 e 2005, e entidade só voltou a organizar uma edição em 2005, no Japão. Desde então, o modelo de disputa tem sido mantido. Apenas participam do evento os campeões continentais daquela temporada. Europeus e sul-americanos entram somente nas semifinais.
O certame será aberto nesta quinta-feira, às 13h30 (de Brasília), com o duelo entre o Al Jazira, representante do país-sede, e o modesto Pirae, equipe do Taiti composta em sua maioria por atletas amadores. Quem vencer vai às quartas de final e enfrenta o Al Hilal, da Arábia Saudita. O vencedor desta partida encara o poderoso Chelsea, atual campeão europeu.
O Pirae é o representante da Oceania e substitui o Auckland City na competição em razão das restrições impostas pelo governo da Nova Zelândia para frear a pandemia do novo coronavírus. O Auckland City é o atual campeão da Liga dos Campeões da Oceania e abortou pela segunda vez seguida o plano de disputar o torneio. A Fifa, então, convidou o Pirae, e o decacampeão taitiano aceitou.
O time do Taiti, maior ilha da Polinésia Francesa, tem um elenco recheado de atletas amadores. O atacante Rooarii Tinirauarii foi missionário da África e hoje é policial. Teve de escrever uma carta endereçada aos seus superiores pedindo permissão para defender o Pirae em Abu Dabi.
“Somos amadores. Todos nós temos empregos (diurnos). Só descobrimos no Natal que isso poderia estar acontecendo. Foi uma sensação de pura euforia, estar indo para o Mundial de Clubes, pensar que meu nome estará no elenco junto com Kanté, Thiago Silva e Lukaku”, disse Tinirauarii à Fifa.
Tinirauarii temia que seu chefe não o liberasse para disputar o torneio, mas ouviu que ele representa “todos os policiais no Taiti”. Ele é sobrinho do treinador do time, Naea Bennett, e neto de Errol Bennett, dois dos maiores jogadores da história da Polinésia Francesa. O atacante começou sua trajetória no futebol amador inspirado em Ronaldo Fenômeno, seu ídolo.
“Costumava fingir que era Ronaldo quando brincava com meus amigos. Mas quando fiquei mais velho percebi o quão difícil seria me tornar um jogador de futebol profissional vindo de uma pequena ilha onde você não tem tantas oportunidades”, afirmou. Jogar o Mundial, representando missionário e policiais, é ainda inacreditável para o atleta. “Nosso povo está muito orgulhoso. Esta é uma oportunidade incrível de representar o Taiti”.
CAMINHO DO PALMEIRAS – Do outro lado da chave, o Palmeiras, assim como o Chelsea, entra direto na semifinal e aguarda seu rival, que será Al Ahly, do Egito, ou Monterrey, do México. Se o Chelsea dá de ombros para a competição, bem como a maioria das outras agremiações europeias, o time de Abel Ferreira trata o torneio com grande importância. “Temos o campeonato mais importante da história do clube. Esperamos que a gente possa voltar com título que a gente sonha e a torcida também”, afirmou Dudu.
A estreia do atual campeão da Libertadores está marcada para a próxima terça-feira, dia 8, às 13h30 (de Brasília). É possível que mais uma vez esteja um mexicano no caminho do Palmeiras. No ano passado, a equipe alviverde sucumbiu na semifinal ao perder por 1 a 0 para o Tigres. Depois, foi superada nos pênaltis pelo Al Ahly e fechou a competição em quarto, com a pior campanha na história dos representantes da América do Sul.
A delegação palmeirense chega nesta quinta a Abu Dabi sem Gabriel Veron e Piquerez, contaminados pela covid-19. Os atletas deixaram na quarta a Academia de Futebol nos braços dos torcedores, que se aglomeraram em frente ao CT para se despedir do elenco.
O último brasileiro a levantar a taça do Mundial foi o Corinthians, em 2012, ao ganhar na decisão justamente do Chelsea. A equipe londrina busca seu primeiro troféu, embora não valorize o torneio. “Está 0% na minha cabeça”, disse o técnico Tomas Tuchel no fim do ano passado. Duas semanas atrás, o treinador alemão mudou o discurso e afirmou estar animado com a participação de sua equipe em Abu Dabi. “Tenho que dizer que, quando você está dentro, você fica bem empolgado”.