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EsportesNewcastle é comandado por Amanda Staveley, ex-dona de restaurante e investidora

Newcastle é comandado por Amanda Staveley, ex-dona de restaurante e investidora

Newcastle é comandado por Amanda Staveley, ex-dona de restaurante e investidora

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Um restaurante de classe alta aberto em 1996 no vilarejo de Bottisham, localizado próximo a um jóquei, foi fundamental para a jovem Amanda Staveley, à época com 22 anos, circular entre famílias ricas e poderosas, especialmente do Oriente Médio. Sem experiência na área, ela precisou pegar um empréstimo de 180 mil libras para iniciar o empreendimento, que logo passou a receber proprietários de cavalos. Hoje, aos 48 anos, ela é uma empresária milionária que representa o “novo bilionário” Newcastle, um time do futebol inglês, apesar de ter, ao lado do marido iraniano Mehrdad Ghodoussi, apenas 10% das ações do clube.

Com Amanda como intermediária da negociação, o time inglês foi comprado no início de outubro por um grupo liderado pelo Fundo de Investimento Público (PIF) da Arábia Saudita, administrado pelo príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, que pagou cerca de R$ 2,2 bilhões por 80% das ações. Os irmãos bilionários Reuben – David e Simon – detém os outros 10%.

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Depois de ser dona do restaurante, Amanda investiu em ações após estudar para se tornar consultora financeira. Ela, que também ficou conhecida por ter um relacionamento com o príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth II, do Reino Unido, e do príncipe Filipe, Duque de Edimburgo, atribui seu talento para os negócios aos conselhos que recebeu de seu avô, que atuava como agenciador de apostas.

Em 2005, ela fundou a PCP Capital Partners, uma “private equity”, ou seja, uma empresa que administra os investimentos de terceiros em outras companhias, apostando na sua boa relação com grandes empresários e famílias importantes de países do Golfo Pérsico, como Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes.

Apesar de não ter envolvimento próximo com o futebol em sua carreira, Amanda não é estranha ao ambiente do esporte e vinha tentando comprar o Newcastle há mais de quatro anos, com três ofertas rejeitadas pelo então dono Mike Ashley. Antes disso, já havia sido peça importante atuando como intermediária na compra do Manchester City pelo xeque Mansour Al-Nahyan em 2008, uma mostra da sua boa rede de contatos na região.

No mesmo ano, no auge da crise financeira, os conselhos de Amanda levaram o xeque Mansour a um investimento de 3,5 bilhões de libras (cerca de R$ 26,4 bilhões) no banco Barclays que, posteriormente, se mostrou uma aposta acertada para os cofres de ambos. Em 2006, ela foi o elo na tentativa de compra do Liverpool pelo grupo de investimentos Dubai International Capital (DIC), mas a negociação não avançou.

No dia em que o Newcastle foi comprado, no início de outubro, Amanda logo se colocou como “a cara da mudança”, se contrapondo ao antigo dono, Mike Ashley, odiado pela maioria dos torcedores por sua falta de interesse e investimentos no clube. Ela concedeu entrevistas a vários veículos de imprensa – o antigo dono não conversava com jornalistas -, demonstrou otimismo com o futuro do clube e destacou a importância de maior reconhecimento interno de ídolos como os ex-jogadores Alan Shearer e Kevin Keegan, em uma clara estratégia de aproximação com a torcida.

Um rosto branco e inglês também ajuda a mudar a imagem do Newcastle já que a compra do clube por um fundo de investimentos ligado ao governo da Arábia Saudita é tratada como sportswashing, uso estratégico e político do esporte para melhorar sua reputação no mundo. O governo do país é acusado de grave desrespeito aos direitos humanos, incluindo o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, crítico à família real saudita, em 2018.

Amanda não tem carta branca para tomar todas as decisões importantes do clube e ainda leva questões para o conselho, montado após a aquisição pelo fundo saudita. Otimista, ela projeta que o Newcastle seja campeão inglês nos próximos cinco a dez anos. “Ganhar troféus requer paciência, investimento e tempo”, disse ao The Athletic.

A expectativa dos torcedores por grandes investimentos em contratações logo na primeira temporada já foi freada por Amanda, que destaca a importância de “construir um clube sustentável e viável que possa eventualmente sobreviver por conta própria”.

Na zona de rebaixamento

Amanda também está correndo contra o tempo. O Newcastle ocupa hoje a vice-lanterna do Campeonato Inglês, ainda não venceu em dez rodadas e está a sete pontos de sair da zona do rebaixamento (três clubes caem para a segunda divisão ao fim da temporada).

Em outubro, o técnico Steve Bruce foi demitido e a equipe vem sendo comandada por um treinador interino até encontrar um novo nome para ocupar o cargo. Muitos técnicos foram oferecidos, e o Newcastle tentou assinar com Unai Emery, ex-PSG e Arsenal, que está no Villarreal, mas o espanhol desistiu do acerto. O português Paulo Fonseca chegou a ser entrevistado por Amanda, mas o favorito para assumir o cargo é o inglês Eddie Howe, de 43 anos, que comandou apenas equipes menores em sua carreira.

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