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Quem é Maurício Borges, passador de confiança da seleção brasileira de vôlei

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MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – Quando foi campeão olímpico no Rio, em 2016, o ponteiro da seleção brasileira de vôlei Maurício Borges mal conseguiu desfilar com a medalha de ouro no peito. No pós-título, esteve o tempo todo se comunicando com sua mulher, grávida, que ficou em Maceió e sentia dores. Ela iria para o hospital.

Maurício voltou para a Vila Olímpica correndo, pegou suas coisas e foi ao aeroporto. Fabianny já estava para ser atendida. Na dúvida se a filha Valentina nasceria em sua ausência, ele embarcou. Ao chegar a Alagoas, veio a surpresa: foi a própria Fabianny quem o recebeu.

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“Imagina, cara… Eu fui todo preocupado, não aproveitei a festa nem nada, e ela me buscou no aeroporto”, contou, aos risos, em entrevista à reportagem.

“Acho que essa é a história mais inusitada que eu tenho na carreira. Pensei que ia ser pai e campeão olímpico na mesma hora, mas a Valentina só nasceu uma semana depois.”

Nas Olimpíadas de Tóquio, Borges, 32, tornou-se tornou uma das peças mais confiáveis do banco de Renan Dal Zotto. Quando o Brasil sente a necessidade de um passe melhor na defesa, o alagoano entra em quadra e toma conta do fundo, auxiliando o líbero Thales a construir jogadas com maior assertividade.

Na vitória sobre os Estados Unidos por 3 a 1, a seleção brasileira começou mal. Sob pressão, Renan investiu na tática que já vinha funcionando nos outros jogos e tirou Leal, dando lugar ao alagoano.

O ponteiro trouxe segurança e ajudou o time a retomar a liderança no placar. Embora tenha perdido o set, o Brasil se recuperou e venceu a partida.

O próximo jogo da equipe será no sábado (31), contra a França, às 23h05 (de Brasília). A TV Globo e o SporTV transmitem. Será a última partida da primeira fase. Com três vitórias e uma derrota, o Brasil é o vice-líder do Grupo B, com oito pontos. A liderança pertence ao Comitê Olímpico Russo.

O interesse de Maurício Borges pelo vôlei nasceu em casa. Sua mãe, Marilda, conheceu o esporte aos 17, aos 21 foi mãe de Everthon (seis anos mais velho do que o ponteiro) e continuou jogando. Os filhos foram seus alunos e se profissionalizaram.

No caminho para uma carreira vitoriosa, o único nordestino da seleção masculina atual tinha um ritmo frenético: estudava pela manhã no colégio Marista, almoçava por lá, treinava com o time da escola e depois emendava três treinos consecutivos no CRB, nas categorias infantil, infanto-juvenil e adulto.

“Eu sempre gostei muito. Só me imaginava jogando vôlei. Quando eu tinha 14 anos, fomos para Belo Horizonte, e fiz um teste. Passei no primeiro dia. Foi difícil. Pela saudade, eu queria voltar para casa. Havia uma rotatividade de atletas, e eu fazia poucas amizades, mas resolvi ficar e ainda bem que fiz isso”, diz.

Quem hoje vê Maurício aparecendo nas publicações no Instagram de seu companheiro de seleção Douglas Souza, sabe que ele é tímido. Apelidado de “Jorges” pelo colega, o alagoano de fala tranquila entende a sua representatividade.

“Ainda são poucos nordestinos no esporte em geral. Falta um trabalho melhor a esses atletas, porque há muito talento. Mas, pela falta de apoio, é necessário sair da nossa região e tentar em outro canto do país”, observa.

Foi justamente pela capacidade de influenciar pessoas por meio do esporte que Maurício tomou uma decisão desde que voltou a jogar durante a pandemia do novo coronavírus: usar máscara para se proteger e também para ajudar a conscientizar sobre a necessidade dela. O central Lucão é outro da equipe nacional que utiliza a proteção.

“Acho que já entrei em quadra sem máscara, sim, mas me atentei para a necessidade de mostrar que devemos usá-la. Muitas pessoas morreram por conta do vírus, é muito preocupante. Vou usá-la até que nós, enquanto população, tenhamos segurança.”

A Covid-19 atingiu diretamente a seleção brasileira. Técnico do grupo, Renan dal Zotto passou 36 dias internado e foi levado à UTI. Por isso, não esteve com o elenco na Itália, para a disputa da Liga das Nações, vencida pelo Brasil.

Borges é apegado às suas raizes. Sempre leva uma bandeira de Alagoas e a pendura no quarto em que fica concentrado. Ele foi o primeiro atleta do estado a conquistar uma medalha de ouro em Olimpíadas. No Rio de Janeiro, o jogador chegou ao topo após uma série de dificuldades.

“Eu cheguei a jogar pela seleção B um pouco antes, era uma das últimas opções. Reconquistei o meu espaço e consegui a vaga para a Olimpíada. Foi uma pressão muito grande, mas meus amigos foram me ver, meus pais foram me ver. Tive uma torcida muito grande.”

Com o adiamento de Tóquio-2020 por causa da pandemia, Maurício passou um período em Maceió junto aos filhos, à esposa, ao irmão e aos pais. Foram férias forçadas, mas cheias de treinamento, que o alçaram ao título da Superliga e ao posto de MVP (melhor jogador) da última temporada, pelo Taubaté.

Agora, para ele, falta o bicampeonato olímpico.

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