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Queridinha do Japão, Naomi Osaka vê fim de sonho olímpico no tênis

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Maior estrela da delegação japonesa nos Jogos de Tóquio, Naomi Osaka não poderá, ao menos por enquanto, contar uma história de glória olímpica. A tenista foi eliminada nas oitavas de final do torneio de simples com apresentação apática diante da tcheca Marketa Vondrousova, que triunfou por 2 sets a 0 (6/1 e 6/4).

“Fiquei muito feliz de ter jogado aqui. Estou triste por ter perdido, claro. Mas, em geral, estou muito feliz em ter disputado meus primeiros Jogos Olímpicos”, afirmou Naomi nesta terça-feira (27), contrastando a fala otimista com as lágrimas que escorriam de seus olhos.

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Credenciais para um final feliz olímpico não faltavam à atleta, que se tornou a primeira japonesa a conquistar um título de simples em Grand Slams, o circuito dos principais torneios do calendário do tênis.

Em 2018, ela derrotou Serena Williams e a torcida norte-americana na final do US Open.

Naomi também foi a primeira tenista asiática a ascender à liderança do ranking mundial da WTA (Associação Feminina de Tênis).

Após a conquista em Nova York, a japonesa ganharia mais três troféus em Grand Slams: o Aberto da Austrália (2019 e 2021) e mais um título no US Open (2020). Neste último, ganhou a simpatia da torcida ao demonstrar apoio ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em inglês). A cada rodada, usou máscara com o nome de alguma vítima do racismo nos Estados Unidos (sete no total).

Segunda colocada do ranking mundial, Naomi era a queridinha do público japonês. Por conta disso, teve a honra de acender a pira olímpica na cerimônia de abertura das Olimpíadas.

Nem sempre foi assim, porém. Ela conta que, aos 10 anos, quando jogava um torneio mirim na Flórida (Estados Unidos), ouviu uma japonesa perguntar a outra quem era ela: “Ah, aquela garota negra?”. Ao ser questionada se Naomi não era japonesa, foi taxativa: “Acho que não.”

Filha de pai haitiano e mãe japonesa, Naomi representa o multiculturalismo que faz bem ao esporte. Em Tóquio, contudo, teria que administrar a expectativa de toda uma população por resultado. E sem a vantagem do apoio da torcida, já que as arenas permaneceram vazias por causa da pandemia. Não conseguiu.

“É claro que sempre jogo pelo Japão. Mas definitivamente sinto que houve muita pressão sobre mim desta vez. Acho que talvez seja porque nunca joguei antes as Olimpíadas”, afirmou a tenista, de 23 anos, após a eliminação.

“Estrear [em Olimpíadas] aqui foi um pouco demais. Mas estou feliz com a forma como joguei e de fazer a pausa que fiz”, contou a tenista, referindo-se ao primeiro sinal que emitiu de que não estava bem.

Sem dúvida, o ouro de Naomi Osaka era o mais esperado pela torcida japonesa. Contudo, nâo foi a primeira grande frustração do Japão como sede olímpica. Na primeira vez que abrigou os Jogos, em 1964, o título mais aguardado pela torcida local era o da categoria aberta (sem limite de peso) do judô, esporte nascido no Japão, que estreava no programa olímpico.

Mas, na final, o holandês Anton Geesink superou o japonês Akio Kaminaga. Nem as medalhas de ouro em todas as demais categorias do judô compensaram a frustração.

É uma ideia do peso que estava sobre as costas da tenista. Em maio, ela ligou o sinal de alerta ao desistir do Torneio de Roland Garros na segunda rodada, após ser obrigada pelos organizadores a comparecer às entrevistas coletivas.

Em suas redes sociais, Naomi se justificou afirmando que teve de lidar com longos períodos de depressão desde a conquista do US Open, há três anos.

“Todos que me conhecem sabem que sou introvertida. E todos que me viram em torneios sabem que eu geralmente estou com fones de ouvido porque eles ajudam a diminuir minha ansiedade mental”, afirmou a jogadora.

“Não sou uma oradora natural e tenho crises enormes de ansiedade antes de conversar com a imprensa”, acrescentou.

Apesar do revés, Naomi minimizou o efeito do abandono da competição em Paris.

“Foi o melhor que eu poderia ter feito naquela situação”, acredita ela, que adiou o sonho do ouro olímpico para Paris-2024. Ela não poderá contar com o apoio dos fãs locais nas arquibancadas, mas também não terá a pressão de Tóquio-2020.

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