TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – À exceção do Dream Team (time dos sonhos, em inglês) de 1992, atuar pela seleção de basquete dos Estados Unidos pode ser uma experiência sem alegrias para os jogadores. Se ganharem, não há festa na volta para casa. Se não ficarem com o ouro, é humilhação.
Neste domingo (25), às 9h, no horário de Brasília, a equipe americana estreia em Saitama contra a França cheia de dúvidas, distrações, casos de Covid-19 e derrotas surpreendentes na fase de preparação.
Em partidas amistosas, os EUA perderam para Nigéria e Austrália. Depois se recuperaram com vitórias sobre Argentina e Espanha antes do embarque para as Olimpíadas de Tóquio.
“O problema no basquete internacional é que mudamos o time a cada ano, e os adversários têm sempre os mesmos atletas”, afirma Steve Kerr, técnico do Golden State Warriors, da NBA, e assistente na seleção.
Isso não é de hoje, mas no passado nunca foi problema. Depois da medalha de bronze nas Olimpíadas de Seul, em 1988, resultado considerado vexatório, os americanos têm chamado nomes da NBA para as convocações. Antes disso, eram apenas atletas universitários.
O termo “Dream Team” foi criado para designar a seleção de 1992, que tinha Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Charles Barkley, Scottie Pippen e Karl Malone, entre outros. A alcunha permaneceu para as gerações seguintes, que continuaram vencendo, mesmo que a exibição não justificasse o apelido.
De todas as Olimpíadas desde Seul, os EUA só não ganharam o ouro em 2004, quando perderam para a Argentina na semifinal e ficaram com o bronze. Em 2021, apenas dois jogadores que subiram ao lugar mais alto do pódio na Rio-2016 continuam no time: Kevin Durant (Brooklyn Nets) e Draymond Green (Golden State Warriors). O técnico também mudou. Gregg Popovich assumiu o lugar de Mike Krzyzewski.
A qualidade do basquete nas partidas de preparação é apenas um dos componentes que preocupam Popovich. Fora de quadra, os EUA acumulam problemas. Bradley Beal, do Washington Wizards, deveria ser titular, mas foi excluído do elenco depois de receber diagnóstico de Covid-19. Ele foi substituído por Keldon Johnson, jogador que tem apenas dois anos de NBA pelo San Antonio Spurs e vinha sendo usado no time de sparrings que treinava contra a seleção olímpica.
Kevin Love, do Cleveland Cavaliers, deixou a delegação e citou “problemas de performance” como justificativa. Em seu lugar, foi chamado JaVale McGee, que pouco atuou na última temporada por Cavaliers e Denver Nuggets. Jerami Grant (Detroit Pistons) e Zach LaVine (Chicago Bulls), por sua vez, estavam em quarentena e se apresentaram em cima da hora para a estreia.
Envolvidos nas finais da NBA, Khris Middleton, Jrue Holiday (ambos do campeão Milwaukee Bucks) e Devin Booker (Phoenix Suns) chegarão a Tóquio apenas neste domingo.
Também há a distração quanto ao futuro de Damian Lillard. A cada entrevista, as perguntas ao jogador não são sobre a seleção, mas se ele vai permanecer no Portland Trail Blazers.
“Estou confiante. Acho que o time tem evoluído, e os jogadores entenderam como temos de jogar as posições ofensivas e defensivas”, tentou encorajar Popovic após a vitória de 83 a 76 sobre a Espanha.
Além da França, os EUA vão enfrentar Irã e República Tcheca pelo grupo A. Os dois primeiros colocados se classificam. O terceiro colocado também pode avançar, a depender da posição na tabela geral.
A França tem cinco jogadores da NBA em seu elenco: Rudy Gobert (Utah Jazz), três vezes eleito o melhor nome defensivo da temporada, Evan Fournier (Boston Celtics), Frank Ntilikina (New York Knicks), Nicolas Batum (Los Angeles Clippers) e Timothé Luwawu-Cabarrot (Brooklyn Nets).