Ser convocado para representar o Brasil no maior evento esportivo do universo não é só um privilégio profissional. É bem mais que isso! É o ápice da carreira de qualquer ser humano que tem o esporte como filosofia de vida. Com o treinador do atletismo Alcides Gonçalves Neto de 39 anos, não foi diferente. É sonho que fala?
“Recebi com muita alegria a convocação para ir para as Olimpíadas. É a realização de um sonho! Todo profissional da área esportiva sonha com a participação nos Jogos Olímpicos”.
O desabafo é do treinador Alcides, que carinhosamente no atletismo, é chamado de Neto. O sonho de estar em uma Olimpíada será dividido com o maratonista de Paraguaçu Paulista Daniel Nascimento de 23 anos, pupilo de Neto.
O pupilo de Paraguaçu Paulista
O paraguaçuense conseguiu o índice olímpico ao vencer a maratona de Lima no Peru com a melhor marca de estreia de um atleta sul-americano na prova.
O treinador explica que Daniel Nascimento está motivado e que a facilidade que o atleta tem em se adaptar a diferentes contextos, é um dos diferenciais do maratonista.
E que as Olimpíadas de Tóquio servirão como experiência para que Daniel chegue ainda mais preparado nos Jogos de Paris em 2024. Só que a cautela do treinador Neto tem a companhia da esperança. Vai que cola!
“Se bem que com a sua estreia na primeira maratona, correndo sozinho, fica sempre a expectativa. Se ele estiver em um bom dia e as condições climáticas ajudarem, as chances de melhorar ainda mais seu resultado são enormes”, explica o treinador que, desde menino, sonhava com o momento que vive hoje.
O começo em Bauru
O sonho olímpico do treinador Neto começou a se tornar realidade em Bauru, no interior de São Paulo. As primeiras referências, ele encontrou na própria família.
O avô e o tio trabalhavam com esporte e o levava à diferentes rolês esportivos. Estava com eles no treino de futebol, no de basquete e também no de… atletismo!
As memórias dos tempos de Bauru ainda estão vivas na cabeça do treinador Olímpico. Os primeiros passos o levaram ao futebol e a corrida de rua. Mas como acontece com muitos atletas em início da carreira, Neto precisou fazer escolhas.
“Depois que me formei na faculdade de educação física, fui fazer cursos para trabalhar com atletismo. Fiz o curso de treinador nível um e, no ano seguinte, assumi como treinador de atletismo na Associação Bauruense de Desportos Aquáticos, onde meu avô é coordenador”, relembra o treinador. Neto fez ainda outros cursos e hoje é treinador nível três de fundo e meio fundo.
O treinador ainda se especializou no esporte de alto rendimento e no desenvolvimento esportivo pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), além de participar de campings de treinamento.
A aquisição de Neto pela associação rendeu diferentes conquistas. De 2014 para cá, a equipe de atletismo ABDA já conquistou mais de 70 medalhas em campeonatos nacionais e mais de 20 em competições internacionais. Além da convocação de atletas para diversas provas.
O esporte como ferramenta social
A trajetória no atletismo ensinou ao treinador Neto que o esporte ajuda a transformar vidas e a manter os sonhos. Tanto que o trabalho desenvolvido por ele no atletismo em Bauru impacta diretamente a vida de crianças em vulnerabilidade social.
“O principal objetivo é promover a interação social, tirar as crianças da rua e dar uma oportunidade de vida para elas.
Percebemos que muitos não acreditam na sua própria capacidade, por isso, nosso trabalho é fazer com que eles sonhem e acreditem em si mesmo, para que tenham objetivos na vida”.
A pandemia, assim como em todos os segmentos sociais e profissionais, atrapalhou o dia a dia do projeto em Bauru. Mas quando se tem trabalho, foco, empenho, esperança e uma molecada que quer transformar… as coisas acontecem.
“Nesse último ano tivemos muitas dificuldades por conta da pandemia, mas, mesmo assim, tivemos bons resultados, como por exemplo, o Daniel Nascimento, que foi campeão da Meia Maratona Internacional e da Copa do Brasil Cross Country, além do título no Troféu Brasil”, relata o orgulhoso treinador.
Esporte e evolução é como unha e carne. Não tem como separá-los. Da mesma forma que não dá para separar o treinador que conquista títulos do que transforma a vidas.
“A gente vê que todo mundo pode chegar longe se tiver foco e força de vontade. Vemos muitos jovens que conseguem chegar aonde jamais chegariam se não fosse pelo incentivo e pela oportunidade proporcionadas pelo esporte. Ele é um caminho para a realização dos sonhos”.
Obrigado por tanto, Neto! Os deuses do Olimpo lhe esperam no Japão.