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EsportesVeterana, Carol Gattaz vai pela 3ª vez às Olimpíadas, mas agora para jogar

Veterana, Carol Gattaz vai pela 3ª vez às Olimpíadas, mas agora para jogar

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TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – Carol Gattaz era uma promissora central de 18 anos quando chegou a ser cotada para ir aos Jogos de Atenas-2004. Não foi convocada, mas fez parte de todo o ciclo olímpico seguinte, sob comando do técnico José Roberto Guimarães. Para Pequim-2008, entretanto, foi preterida mais uma vez.

A paulista mergulhou em um estado de profunda amargura, chegou a cogitar uma possível aposentadoria precoce das quadras e abraçou os encantos da noite do Rio de Janeiro.

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Com a queda de rendimento, além de sofrer com uma fascite plantar (inflamação no tecido entre o calcanhar e os dedos) no pé esquerdo, ela também não esteve entre as 12 escolhidas do grupo que sagrou-se bicampeão olímpico, em Londres-2012.

Tanto em Pequim-2008 quanto em Londres-2012, uma vez que não pôde ir à Vila Olímpica, atuou como comentarista das partidas de vôlei no canal SporTV. Uma vaga que, costumeiramente, é preenchida por ex-atletas.

Apesar do trabalho temporário com o microfone, Carol seguiu em atividade por clubes de ponta do país. No entanto, quando chegou aos Jogos do Rio-2016, a atleta já havia dado por encerrada sua trajetória na seleção brasileira.

Todo esse roteiro passou pela cabeça da jogadora no último dia 25 de junho, quando o técnico Zé Roberto chamou-a para anunciar: “Carol, você vai para Tóquio”. Desta vez, para jogar.

“Das quatro Olimpíadas, a de 2008 foi a que mais me chateou, porque fiz parte de todo o ciclo, estive em todos os campeonatos com a seleção. Achava que deveria estar, pelo menos, entre as 12 convocadas”, diz Carol Gattaz, em entrevista à reportagem.

Para os Jogos de Pequim, Zé Roberto optou por Thaisa, Fabiana e Walewska para a sua posição.

“As três centrais que estavam lá eram indiscutivelmente melhores que eu, mas [poderia ter ficado com] uma quarta vaga de repente. Passou e, hoje, está muito bem esclarecido.”

As primeiras Olimpíadas da veterana Carol são mais uma prova de que os sonhos não envelhecem no esporte. Antes do vice-campeonato na última Liga das Nações, disputada na Itália entre maio e junho deste ano, a central havia vestido a camisa amarela pela última vez em 2013.

“Acho muito legal quando dizem que a Carol, aos 40 anos, vai à Olimpíada. Ninguém fala assim, por exemplo, da Gabizinha, da Rosamaria (ambas têm 27). Dou risada. É um motivo de orgulho, para mim”, afirma.

No dia 27 de julho, quando o Brasil enfrentar a República Dominicana na Ariake Arena, em Tóquio, Carol completará 40 anos. A central confronta o seu passado com maturidade e hoje conclui que não soube administrar a frustração por ter ficado fora de Pequim.

“Eu tinha pensamentos de parar de jogar. Não cheguei a ter depressão, mas fiquei muito triste. Em 2010, o Rio de Janeiro me contratou e me trouxe a alegria de volta. Fui campeã brasileira”, diz Carol.

“Algo de ruim é que me perdi no Rio de Janeiro. É uma das melhores cidades do mundo, com muita badalação, festas, e onde conheci muita gente. Acabou que me deslizei, me deslumbrei com essa vida. Não deixei o voleibol de lado, mas saía mais do que deveria e poderia.”

A redenção de fato começou a partir do momento em que Carol foi contratada pelo Minas Tênis Clube para a temporada 2014/2015. Até hoje defendendo a equipe de Belo Horizonte, a central enfileirou premiações individuais e foi decisiva em conquistas de títulos como o da Superliga (duas vezes), da Copa do Brasil e do Sul-Americano.

O Minas convidou-a em outro momento adverso da carreira. Seus dois clubes anteriores, Vôlei Futuro e Vôlei Amil, haviam sido extintos, respectivamente, em 2012 e 2014, e Carol ficou sem time nas duas oportunidades.

Ainda em 2013, ela se transferiu para o Igtisadchi Baku, do Azerbaijão, mas ficou apenas dois meses e voltou, alegando quebra de contrato por parte da agremiação.

“O Minas foi quem me resgatou, estava sem time e recebi esse convite aos 47 minutos do segundo tempo. Não imaginava que tudo isso aconteceria, encontrei o melhor clube que joguei em toda a minha vida, e o sonho de retornar à seleção renasceu”, diz.

Natural de São José do Rio Preto (a 440 km de São Paulo), Carol cresceu praticando diversos esportes, como o handebol e o futsal, e tinha a preferência por jogar basquete em um clube local -como não havia equipe feminina, ela treinava somente com os garotos e não disputava competições.

Dois técnicos da cidade fizeram o convite para que ela começasse a treinar em um time de vôlei. Levou pouco tempo para que deixasse o interior paulista pela primeira vez, aos 15 anos, após receber convite do Osasco.

Longe dos familiares, o começo foi bem complicado. Todos os dias, ela ligava para a sua mãe, Cida Gattaz, aos prantos, anunciando o desejo de voltar para casa. Cida, então, convencia sua filha a suportar só mais uma semana e, na sequência, reavaliariam se Carol queria mesmo desistir do voleibol.

“A nossa passagem pela Terra é pequena, e eu sempre quis deixar algo para alguém. Minha carreira foi vitoriosa pelos clubes onde passei, só que agora, mais do que nunca, deixo um legado de superação por causa da minha idade. A minha vontade de ganhar uma medalha é óbvia, mas estou feliz de poder ir à Olimpíada e deixar uma história para alguém.”

A primeira pessoa avisada por Carol sobre a convocação para Tóquio foi justamente sua mãe. Nesse dia, as duas choraram pelo telefone.

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