SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Eu quero ver a cara de algumas pessoas quando eu aparecer lá [em Tóquio]. Eu vou para a Olimpíada.”
Fernanda Borges, 32, é enfática ao assegurar sua presença na competição de arremesso de disco nos Jogos, que começam neste mês. Seu nome chegou a ser anunciado no início da tarde desta quinta-feira (1º) como integrante da equipe brasileira no atletismo.
Ela foi um dos 52 nomes confirmados pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). Em abril, havia obtido a marca de 64,21 m, superior ao índice olímpico de 63,50m. Horas antes da divulgação do time para ir à Tóquio, ela apareceu no site da Athletics Integrity Unit, órgão ligado à World Athletics, entidade que regula o atletismo.
Segundo a entidade, exame antidoping realizado em 21 de maio constatou a presença de Ostarine no organismo de Fernanda, uma substância considerada dopante por modular o metabolismo e ajudar a ganhar massa muscular. Por isso, ela está suspensa preventivamente e fora dos Jogos Olímpicos.
Pela página Athletics Integrity Unit, uma notificação do caso teria sido emitida.
“Não sei por que apareceu isso [no site]. Eu já provei a minha inocência, já provei que houve contaminação [cruzada, com doping involuntário]. Tudo isso está me dando mais combustível [para competir]”, disse a atleta à reportagem.
Consultada pela reportagem, a CBAt afirma ter ficado sabendo da suspensão provisória de Fernanda de maneira informal, “por meio de publicação no Twitter e no site da Athletics Integrity Unit”. A confederação espera uma confirmação formal. Os órgãos nacionais não têm competência sobre o doping.
Sem ela, o número de atletas do atletismo brasileiro em Tóquio cai para 51.
“Eu estou bem tranquila a respeito disso. Sei da minha inocência. Não posso fazer nada por enquanto, mas as pessoas apenas vão me ver lá [competindo]”, completa a atleta.
A CBAt já tinha conhecimento do caso, mas não havia como deixar de incluí-la no time brasileiro, já que não existia nenhum julgamento.
Com a suspensão provisória, Fernanda necessitaria de uma decisão superior para reverter o caso. Como a que aconteceu com o brasileiro Sanderlei Parrela, que em 2000 era vice-campeão mundial dos 400 m rasos. A World Athletics informou que o esteroide Nandrolona, um anabolizante, havia sido encontrado na urina do atleta e o suspendeu por dois anos.
Mas ele e seu técnico Luiz Alberto de Oliveira provaram que as amostras de urina estavam alteradas e, com isso, o teste realizado era inválido. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) conseguiu liberá-lo para participar da Olimpíada de Sydney pouco antes do evento.
Apesar desse precedente, a CBAt afirma que nada poderá fazer se a informação que consta na Athletics Integrity Unit não mudar. A eliminatória feminina do lançamento de disco, nos Jogos de Tóquio, está marcada para o próximo dia 31.