SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Secretaria Especial da Cultura publicou um edital para contratação de entidade gestora da Cinemateca Brasileira.
O chamamento público vem logo após um incêndio atingir o depósito da instituição, localizado no bairro Vila Leopoldina, em São Paulo, e após um sem-número de especialistas terem chamado atenção para os altos riscos de que acontecesse uma tragédia.
Vem também após um ano desde que o governo Bolsonaro tomou para si a tutela da Cinemateca, em ação que teve presença da Polícia Federal –até então a instituição era gerida pela Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, entidade privada que afirmava não receber os repasses do governo previsto no contrato.
O edital prevê um contrato de cinco anos com uma entidade privada sem fins lucrativos.
Mario Frias foi ao Twitter colocar a culpa no Partido dos Trabalhadores. “O estado que recebemos a Cinemateca é uma das heranças malditas do governo apocalíptico do petismo, que destruiu todo o estado para rapinar o dinheiro público e sustentar uma imensa quadrilha de corrupção e sujeira criminosa.”
No início do ano, em caráter emergencial, a Sociedade Amigos da Cinemateca foi escolhida pelo governo para gerir a Cinemateca. O governo Bolsonaro, porém, não assinou convênio com entidade gestora, conforme tinha anunciado.
O incêndio, já controlado, que atingiu o depósito da Cinemateca Brasileira, teria começado durante a manutenção, por parte de uma empresa terceirizada, no ar-condiciado de uma sala no primeiro andar do imóvel. O prédio fica localizado na rua Othão, número 290, na Vila Leopoldina, e, segundo o Corpo de Bombeiros, não há vítimas. Cerca de 70 profissionais da corporação foram mobilizados para atuar no local.
De acordo com Robson Bertolotto, diretor da Defesa Civil da Lapa, o teto do prédio, que é alugado e teve 25% de sua estrutura atingida, desabou. “Vimos danos causados tanto pelo fogo, quanto pela água. No combate ao fogo, a água acaba danificando materiais. Visualmente eu constatei muitos rolos de filmes preservados, mas também vimos prateleiras retorcidas”, disse ele após realizar a vistoria do local.
O Corpo de Bombeiros afirmou que abriu um procedimento de fiscalização e que fará uma vistoria no local.
Em maio deste ano, a Justiça Federal deu prazo de 45 dias para que o governo provasse que estava trabalhando para garantir a conservação do material guardado na Cinemateca Brasileira e que está atuando para retomar o conselho da entidade, principal instituição de preservação do audiovisual brasileiro.