SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em uma mistura de pop, funk e rock, a cantora Gloria Groove, 26, lança o single “Bonekinha”. Segundo ela, o início de uma nova era musical e primeiro trabalho do álbum “Lady Leste”, ainda sem data de lançamento, que marca uma das maiores fases em sua carreira e a mais pessoal.
Gloria assume Lady Leste como um novo alter ego, que ela diz ter sido fundamental para ser ela mesma. E o single chega para reafirmar suas origens e mostrar sua adolescência, que classifica como os melhores anos de sua vida. A artista comenta que no ensino médio, junto à mudança de escola, também viu sua forma de reagir ao mundo e se enxergar se transformar.
“Não vou ligar se me chamarem de Lady Leste daqui para frente”, afirma a cantora. A música está disponível desde esta quinta-feira (17) e o clipe, que traz inúmeras referências às origens da drag queen, criada no bairro Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, chega ao canal da cantora nesta sexta (18) às 12h.
O clipe foi gravado durante a noite em uma escola, no bairro de Pinheiros, localizado na zona oeste de São Paulo, e cria um ambiente retrô e futurista simultaneamente. “Lady Leste é um jeito de trazer as pessoas mais para casa”, explica, “estou falando do meu coração e da minha família.”
Ela conta que se inspirou justamente em pessoas que a marcaram de alguma forma e que vieram de onde ela veio, como “as mulheres que vivem a minha volta e me criaram”. A cantora também diz que possuía duas “ladys” em sua vida, sendo elas a cantora Lady Gaga, 35, e Tatá Werneck, 37, apresentadora do programa Lady Night.
Para ela, a escolha do single como início de uma nova fase foi inevitável, tanto pela mensagem quanto pela sonoridade. “Essa junção do funk e rock deu uma coisa muito Gloria Groove”, comenta ela em conversa virtual com a imprensa, que foi mediada pelo ex-BBB João Luiz Pedrosa, um grande fã da artista.
Glória Groove afirma que, assim como a escolha de “Bonekinha” para ser a abertura, o processo de criação da música se deu de forma natural por sentir que precisava contar mais de si mesma e exaltar o orgulho e amor que sente por ter vindo da zona leste da cidade.
“Se deslocar da [zona] leste até seu sonho me lembra muito do meu início como drag queen”, reflete. Para ela, é essencial refletir o “estilo mandraka”, a identidade visual e musical da quebrada para trazer representatividade da periferia e mostrar sua trajetória da melhor forma possível.
Ela ressalta também a participação de Mirella, 12, irmã da rapper Drik Barbosa, 29, que é uma grande fã de Gloria e Pabllo Vittar, 27. “Foi acontecendo até entendermos que o pós refrão precisava de uma voz infantil”, afirma sobre a sonoridade da canção: “aí entra a Mirella”.
Além de representar sua origem, a artista também escolheu o Mês do Orgulho LGBT para iniciar sua nova era e imprimir em “Lady Leste” tudo o que ela quis ser na sua infância e adolescência, mas não pôde. “Sei bem que não é fácil ser um artista LGBTQIA+, principalmente no Brasil que estamos.”
Para ela o país está evoluindo, mas ainda precisa aprender muito e entender que “o Brasil também é nosso, a bandeira é nossa e pertence a nós também”. A artista comenta que não vê problema em marcas darem espaços para artistas LGBT no mês do Orgulho, mas que se preocupa quais outros espaços essas pessoas poderão conquistar.
“A evolução que estamos em busca mora mais na raiz do problema”, diz ela citando a falta de pessoas da comunidade em cargos de alto nível em empresas, por exemplo. Ela diz que, apesar do sucesso, sempre se lembra que representa uma fatia da sociedade que sofre muito e ainda morre todos os dias.
Ela ressalta que seu foco agora é usar sua imagem e sua arte para levar o nome da comunidade para frente. “A oposição já não me assusta”, fala ela, que afirma que produzir “é mais um jeito de expressar para quem está vendo a nossa potência.”
A drag ainda afirma que em seu trabalho sempre busca por novas facetas e versões. No ano de 2020 a cantora lançou o EP de R&B “Affair” que, para ela, é considerado um marco em sua era romântica. Ela conta que o projeto “era um sonho, se não acontecesse em 2020 ia acontecer em 2021”.
No ano passado, ela também participou do sucesso “Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim”, ao lado da ex-BBB Manu Gavassi, 28, e comandou o reality show Nasce Uma Rainha, da Netflix, destinado a aspirantes a drag queens e drag kings.
Para ela, sua nova persona chega em um momento fundamental, o qual todos estão ansiosos para voltar a ser quem verdadeiramente são após a pandemia de Covid-19. “Inventei a Lady Leste para ela me salvar, para ela me tirar daqui logo.”
O álbum, ainda em produção, vem para celebrar as suas conquistas e reafirmar que ela acredita “num mundo que vamos ter ainda mais brilho nas quebradas”. A artista promete focar em suas redes sociais com desafios e danças para o TikTok, e adianta que seu novo álbum vem mais “safadinho e explícito”.
“Nada como o friozinho na barriga e o mistério que sentimos antes de lançar”, brinca sobre suas expectativas para sua nova era, que será a mais pop até hoje. Para Gloria, dona de sucessos como “Bumbum de Ouro” (2017) e “Coisa Boa” (2019), o mundo que cresceu e o pop que descobriu são exatamente tudo o que ela almeja ser: icônica.