SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ney Matogrosso faz 80 anos no próximo domingo (1º), e lembrou histórias de antes da fama em entrevista à Folha. Ele contou que a primeira paixão de sua vida foi um recruta do Espírito Santo, que conheceu quando serviu a Aeronáutica, no Rio de Janeiro.
“Quando cheguei lá recruta, não tirava a camisa na frente de ninguém. Era todo problemático mesmo. Cheguei lá, e o banheiro em que a gente tomava banho era assim, com 20 chuveiros e tomavam banho 20 homens por vez. Imagina eu, que não tirava a camisa, tive que ficar nu! Só que eu me via como um monstro, não é isso? Achava tudo meu feio –pé feio, mão feia, perna feia.”
“No dia que tirei a roupa, com aquela quantidade de recrutas, ninguém achou nada. Todo mundo achou normal, sabe? Então não era o que eu estava pensando. Ali, comecei a desgrilar com o corpo. Foi meu preparo para chegar ao Secos & Molhados. Só que cheguei com muito mais ousadia. Já estava mais seguro de tudo isso, de que mesmo não sendo dançarino eu poderia dançar.”
Ele foi recruta entre o fim dos anos 1950 e o começo dos 1960. Quando se viu apaixonado pelo rapaz do Espírito Santo, Ney recorda que ambos falavam sobre os próprios sentimentos, mas não tinham coragem de dar o primeiro passo.
“Teve um beijo”, diz. “Mas não foi um beijo de amor entre nós. Era todo mundo adolescente, com 17 anos. Chegaram para mim e para ele dizendo ‘duvido que vocês deem um beijo na boca’. Aí demos um beijo, na frente de todos. Foi aquela gritaria, saiu todo mundo correndo cada um para um lado. Coisa de adolescente.”
Eles ainda se encontraram, anos depois. “Estive com ele várias vezes. Aí ele casou, tinha filhos e, quando eu ia ao Espírito Santo, ele ia ao hotel, ficava comigo, passava a tarde comigo. Nunca rolou nada, porque também ele já tinha outra vida, né? Eu também não ia ficar, eu já estava em outra, Ele era um amigo, uma pessoa, imagina, uma pessoa de quem eu tinha essa lembrança, foi o primeiro homem que eu amei na vida.”