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PolíticaBolsonaro busca esvaziar raiz golpista do 7 de Setembro e diz que pauta será liberdade de expressão

Bolsonaro busca esvaziar raiz golpista do 7 de Setembro e diz que pauta será liberdade de expressão

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em uma nova convocação para os atos bolsonaristas de 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (30) que as manifestações programadas para o feriado terão como pauta a “liberdade de expressão” e a defesa do voto impresso.

Durante entrevista a uma rádio de Goiás, o presidente fez ainda novas críticas aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). Barroso também preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

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“Essa [manifestação] agora, a grande pauta vai ser a liberdade de expressão. Não pode uma pessoa do STF e uma do TSE se arvorarem agora como as donas do mundo e que tudo decidem no tocante a esse ponto, liberdade de expressão”, disse Bolsonaro, durante a entrevista.

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, as convocações bolsonaristas para os atos de 7 de Setembro substituíram palavras de ordem com mensagens anticonstitucionais e autoritárias por termos que dão um verniz democrático às manifestações, mobilizadas a partir da retórica golpista de Bolsonaro.

A mudança de tom na comparação com atos anteriores —alguns dos quais viraram alvos de investigações do STF e de outros órgãos— domina postagens em redes sociais e falas públicas de organizadores analisadas pela Folha de S.Paulo, o que sugere uma ação coordenada.

Os protestos marcados para o Dia da Independência representam mais um passo na escalada da crise institucional alimentada por Bolsonaro e buscam dar uma demonstração de força do mandatário, em meio a sinais que apontam para o risco de tentativa de ruptura institucional.

Na entrevista desta segunda-feira, Bolsonaro fez ainda referência às prisões, por ordem do STF, do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) e do presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson.

“Não podemos admitir um deputado federal preso, não interessa o que ele falou, bem como jornalista preso e presidente de partido preso também. Não justifica isso daí”, declarou Bolsonaro.

Em outro trecho, ele reforçou o chamamento para as manifestações ao dizer que a “nossa liberdade está sendo ameaçada novamente”.

“Dia 7 [de setembro] é uma data marcante para todos nós. É a nossa independência que está completando 199 anos. Agora, a nossa liberdade está sendo ameaça novamente por parte de um ou dois aqui de Brasília. Nós não podemos nos submeter a um ou dois. Isso não é uma ditadura”, disse.

As convocatórias para as manifestações de 7 de Setembro têm gerado apreensão entre críticos do presidente e governadores.

Ela ocorre em meio a uma crise entre o Planalto e o Judiciário, após reiterados ataques de Bolsonaro ao sistema eletrônico de votação e a disseminação de falsas teorias sobre fraudes em pleitos passados.

Além do mais, o presidente tem investido contra Barroso e a Moraes. Em resposta, o presidente do STF, Luiz Fux, cancelou uma reunião entre os chefes dos três Poderes.

O encontro estava sendo costurado para tentar reduzir a temperatura da crise, mas a avaliação é que ele não pode ocorrer enquanto não cessarem os ataques de Bolsonaro contra integrantes do tribunal.

Bolsonaro ainda não deu mostras de que pretende reduzir a ofensiva contra seus alvos no Supremo. Pelo contrário, ele chegou a apresentar no Senado um pedido de impeachment contra Moraes.

Os governadores, por sua vez, têm manifestado preocupação com a esperada participação nas manifestações de 7 de Setembro de membros das forças de segurança. O medo é que exista insubordinação nas PMs, onde há forte penetração do bolsonarismo.

Na entrevista nesta segunda, Bolsonaro afirmou ainda que a defesa do voto impresso deve estar na pauta dos atos do feriado da Independência.

“Muitos vão falar também do voto impresso, do voto auditável com a contagem pública. Estão pedindo muita coisa? Não estão pedindo nada além do normal, nada além daquilo que os próprios Poderes da República deveriam atender essas pessoas”, disse.

A defesa do voto impresso por Bolsonaro esteve no centro da crise do presidente do Barroso e o TSE.

Ao atacar a urna eletrônica, ele propagou teorias sobre a suposta fragilidade do atual sistema de votação e disse que só perderá o pleito do ano que vem caso haja fraude.

Ele também chegou a colocar em dúvida a realização das eleições de 2022 caso não haja a adoção do voto impresso.

O teor golpista das falas de Bolsonaro geraram preocupação de um possível questionamento dos resultados eleitorais na disputa presidencial caso ele não consiga se reeleger.

Em 10 de agosto, a Câmara dos Deputados rejeitou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto impresso. Apesar de derrota no Parlamento, o presidente não abandonou a bandeira.

Também nesta segunda, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pediu que o diálogo entre os Poderes seja mantido. O senador disse que é preciso identificar os pontos de convergência e mesmo de divergência para avançar no entendimento.

“O que não podemos absolutamente deixar acontecer no Brasil é interromper o diálogo, por mais que divergências aconteçam”, afirmou Pacheco, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes. Os dois tiveram reunião pela manhã, da qual também participaram o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e líderes de bancadas.

“O diálogo precisa sempre existir, entre Câmara e Senado e entre ambos, o Congresso Nacional, com as instâncias de poder, especialmente o Poder Executivo, fundamentalmente o Ministério da Economia”, completou Pacheco.

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