A disputa entre Guilherme Boulos (PSOL) e Eduardo Bolsonaro (PL) em São Paulo, para o cargo de deputado federal, inaugura uma espécie de polarização a nível estadual, para além da disputa entre Lula e Jair Bolsonaro. Desde que o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) desistiu de tentar o governo paulista e anunciou sua pré-candidatura à Câmara, ambos vêm trocando farpas e acusações nas redes sociais. A competição é para ver quem consegue mais votos no Estado – em 2018, o filho “Zero Três” do presidente foi o deputado federal mais votado do Brasil, com 1,8 milhão de votos.
Ao revelar que tentará uma vaga de deputado federal, Boulos afirmou, na última segunda-feira, 21, que São Paulo “não pode deixar que (Eduardo) seja de novo o deputado mais votado”. Segundo ele, o Estado precisa dar “outra mensagem” em 2022.
Posteriormente, em entrevista ao portal UOL, o líder do MTST fez uma provocação ao parlamentar e o convidou para debater ideias. “Como o apelido dele é ‘bananinha’, duvido que ele tope”, disse.
Eduardo Bolsonaro respondeu. Em vídeo para a Jovem Pan, disse que, em 2018, recebeu mais votos em São Paulo do que Boulos, que tentava a Presidência, obteve em todo o País – o candidato do PSOL teve cerca de 617 mil votos. Também citou um “aspecto moral” para recusar debater com o psolista. “Não posso perder meu tempo e descer o nível para debater com ele, que é conhecido por ser um invasor de terras. Não debato com bandido”, afirmou.
O filho do presidente Bolsonaro repetiu parte da afirmação em uma postagem no Twitter: “Sou policial e não debato com invasores de propriedade alheia, sanguessugas que defendem drogas, exploram miseráveis e lucram com bens roubados”, escreveu.
Em resposta, o político do PSOL chamou o deputado de “covarde”. “São sempre assim: machões de internet e covardes na hora do debate cara a cara. O pai já fugiu em 2018, o irmão desmaiou. Não esperava outra coisa de você, Bananinha”.
O bate boca subiu de tom quando o vereador Paulo Chuchu (PRTB), ex-assessor de Eduardo, entrou no assunto e disse que, quando debate com alguém, a pessoa pode acabar “sem CPF”, uma gíria que se popularizou entre bolsonaristas para fazer referência à morte de quem eles consideram criminosos. “Eu gostaria muito de debater com o invasor de propriedades privadas! Já fiz isso algumas vezes, em quase todas eles saíram presos em outras saíram sem CPF”, publicou. Boulos, então, deu retweet em uma publicação classificando a afirmação como “ameaça” e chamando Chuchu de “fascistoide”.